segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Entrevista com: VAIDADE

Com vocês, leitores, nossa segunda convidada:


Repórter: Bem vinda, cara Vaidade.
Vaidade: Obrigado, meu caro. Não pude deixar de reparar que te falta muito de mim... Parece um tanto despojado para um escritor, repórter... (sorriso irônico).
César: A Senhora está certa. E creio que, a partir disso, posso fazer meu primeiro questionamento: por que a Senhora se tornou tão vital para a maioria dos seres humanos?
Vaidade: Um tanto óbvio, não é, meu rapaz? A Humanidade se organizou em sociedades ritualistas e materialistas de toda ordem, facilitando essa necessidade de aparências e exigências de boa apresentação para conviver.
César: E como é estar sempre associada a padrões de autoestima, na mídia e no sentimento de muita gente?
Vaidade: Sensacional (sorriso largo). Eu deito e rolo quando percebo que somente através disso as pessoas se valorizam, se sentem mais seguras e extrovertidas.
César: Mas isso não pode ter um efeito contrário quando a pessoa descobre que autoestima vai muito além de aparência, tendo mais a ver com sua essência?
Vaidade: (Shhhh, pondo o dedo nos lábios) Que ninguém nos ouça, meu querido. Mas mesmo essas que pensam somente na essência, no interior, têm muito de vaidosas. É quase inconsciente, mas eu estou lá.
César: Bom, se for levar ao pé da letra o que disse na primeira resposta, podemos considerar que a Senhora é mais um produto dos meios que estimulam o consumo do que um sentimento genuíno do ser humano?
Vaidade: Também. Acho que as coisas são complementares: eu existo porque o ser humano precisa de mim para sobreviver e isso estimula a indústria de produtos e serviços para as pessoas me engrandecerem.
César: Pois bem, em sendo assim, não é estranho imaginar que muito mal se tem materializado por conta de seu domínio sobre líderes e abastados?
Vaidade: Veja bem, eu não tenho controle sobre isso. Sempre considerei que minha existência na cultura e no comportamento da Humanidade fosse para gerar realizações positivas, embelezadoras. Se assim não é, que posso fazer?
César: E como é estar associada a um dos sete pecados capitais, a Soberba, segundo a Bíblia?
Vaidade: Se é que posso me expressar assim, sinto como algo que me envaidece (riso) ainda mais. Imagine, se o próprio ser humano, apesar de me considerar um elemento de pecado, faz tanta questão que me colocar em evidência, eu é que não vou me criticar por isso, certo?
César: Por último, e se é que isso é possível, gostaria de saber se a Senhora faria alguma crítica a si mesma...
Vaidade: Nenhuma, meu querido. Sou linda, jovem, bem vestida, sigo as últimas tendências de moda e cosméticos, o que haveria para criticar aqui?! (sorrisos).
César: Está certo. Muito grato por nosso encontro.
Vaidade: Já acabou? Que pena, eu estava adorando. Pensei até em lhes dar umas dicas de beleza e gestual...
César: Numa próxima ocasião, talvez. Até!

(parte do material produzido para o Blog, intitulado Sete Entrevistas Inusitadas, de César Pavezzi.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"O direito à literatura"(fragmento)

Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura: (...) "Chamarei de...