domingo, 25 de novembro de 2012

O exemplo de Pinóquio (parte dois)


                               Claro está que uma “consciência” de boneco não estaria tão preparada ou orientada para as tentações do novo mundo que se abrira para Pinóquio. Não muito diferente do mundo de hoje, salvo na roupagem tecnológica que ganharam alguns tipos de distrações e lazeres, com certeza bem mais interessantes que as carteiras de escola e as atividades intelectuais propostas. E nesse caldeirão de influências, que no livro são representadas por criaturas inescrupulosas e enganadoras, as crianças não sabem (ou não querem) distinguir o que é mais importante para sua vida de “bonecos” deslumbrados com os espetáculos, portáteis ou massificadores, que o mundo midiático e consumista lhes oferece diariamente.

                               Ainda que haja “grilos falantes” e “fadas”, outros símbolos positivos na vida do menino, ou melhor, boneco, o grande circo de distrações e maravilhas aberto aos seus olhos e à sua imaginação funciona como o anestésico atrofiador de algum rasgo de consciência que seus verdadeiros amigos possam esperar de sua atitude. E a mentira entra como parte desse aprendizado torto, onde levar vantagem e não ser punido nem sempre conseguem impedir seu “nariz” comprido de denunciá-lo, e muitas vezes de se envergonhar. Já que ainda é um boneco-menino e não aprendeu certas malícias reservadas à vida de adulto.
(César Pavezzi)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Em defesa da Escola

O exemplo de Pinóquio (1ª parte)


Gepeto (que é uma metáfora interessante de pai, criador e educador), um dia, descobre que tinha em mãos mais do que um amontoado de pedaços de madeira juntados e atados, mais do que uma marionete , enfim, tinha um menino, ou um projeto de menino, ser humano em construção. Outro simbolismo para a segunda infância, pois Pinóquio, assim “batizado” pelo criador, já nasceu criança desenvolvida e curiosa. Como muitas que nascem nos dias de hoje, ainda que com um pai que nem de longe tem a doçura e as preocupações de Gepeto, o velhinho. Os exemplos trazidos pela história desse boneco podem sugerir, ressalvadas a época de produção do romance e as intenções ideológicas do autor, uma comparação bastante próxima ao universo em que estão mergulhados nossos aprendizes da atualidade.
                               Como todo pai zeloso e empenhado na educação de filhos, Gepeto logo decide que Pinóquio deveria frequentar a escola. Decisão sábia, porém sem muito peso na consciência de um boneco de madeira que, ao longo das circunstâncias impostas pela história narrada, teria que lutar muito para se tornar um ser humano, menino de carne e osso, um desejo genuíno do próprio pai. O que existe de profundo e cíclico aqui é o fato de que todo criador tem essa vontade profunda de que sua criatura melhore, cresça, intelectual e emocionalmente, para conseguir ser reconhecido verdadeiramente como alguém, gente, humano e mais preparado para o mundo. Discurso semelhante ao de todo pai quando cobra seus filhos sobre a importância de estudar, empenhar-se na escola.

domingo, 11 de novembro de 2012

Simples e altamente verdadeiro

"Se você perdeu dinheiro,
perdeu pouco.

Se perdeu a honra,
perdeu muito.

Se perdeu a coragem,
perdeu tudo."

Vincent Van Gogh

"O direito à literatura"(fragmento)

Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura: (...) "Chamarei de...