domingo, 15 de maio de 2016

Mais entrevistas inusitadas...

César Pavezzi encara uma de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa terceira convidada:

Senhora Sexualidade
César Pavezzi: É com satisfação que entrevisto uma grande força que move as pessoas desse mundo...
Sexualidade: A mim também pode ser prazeroso expor meus conceitos e influências que dominam muitas culturas humanas...
Repórter: Então seria conveniente expor por que a Senhora pode ser, ao mesmo tempo, uma fonte de energia criadora positiva e, para muitos, justamente aquilo que degenera, que vicia, que pode até destruir?
Sexualidade: Depende do ponto de vista de cada um, em especial se formos levar em conta questões moralistas ou culturais de cada grupo social. O que para alguns é necessário apenas para procriação, para outros pode representar apenas uma fonte de prazer a mais.
Repórter: Mas ficar exercitando-a continuamente apenas pela busca do prazer físico, de sensações, não pode representar algo vicioso e distanciado de envolvimento emocional, nas relações humanas?
Sexualidade: Pode ser... O ser humano é vaidoso, em muitos casos prepotente, e para não parecer fraco, se autoafirma justamente através de mim... Se não há equilíbrio entre aquela busca e o desenvolvimento de relações sentimentais, é por conta desse narcisismo recorrente nos meios sociais.
Repórter: Já que falou em questões sentimentais, o que pensa dessa atitude das pessoas de primeiro levar em conta a performance física, sem que o lado emocional seja valorizado?
Sexualidade: Tem coisas que acontecem de forma até inconsciente, já que a energia que desperto tem raízes primitivas e animalescas. Nesse sentido, humanos e animais são muito parecidos: querem se exibir, se expor, tentar conquistar pela aparência e pela sensualidade, em rituais e manifestações às vezes exagerados.
Repórter: Por falar em comportamento inconsciente, a senhora acredita nas teorias psicanalíticas que atribuem ao inconsciente certos desejos sexuais, considerados tabu em muitas sociedades?
Sexualidade: Se imaginarmos que essa força que me constitui pode sair de controle quando não queremos racionalizar ou reprimir certos conceitos e ideias considerados moralmente doentes, em muitos aspectos as teorias estão corretas.
Repórter: Não lhe parece assustador considerar que muitos humanos, por se deixarem levar emocional ou psicologicamente pela sua influência, tenham seus sentimentos rebaixados a meros instintos?
Sexualidade: Eis o campo farto para eu me desenvolver de forma equivocada e pouco saudável: uma mídia que se aproveita desses sentimentos das pessoas, meios de comunicação que sugerem, divulgam e incentivam meu exercício desenfreado, e seres humanos totalmente suscetíveis a essas manifestações de sensualidade aberta.
Repórter: E quando tudo isso se transforma numa força destruidora de relações amorosas?
Sexualidade: Há que se questionar se são relações realmente amorosas... Porque não podemos confundir uma paixão física, baseada em sensações e prazeres corporais, com sentimento genuíno de amor. Os dois podem até acontecer juntos, o que seria ideal. Mas um relacionamento construído apenas sobre sexo está fadado ao fracasso, com certeza.
Repórter: Para concluir nossas reflexões, o que pensa de si mesma quando o ser humano chega à maturidade?
Sexualidade: É o melhor momento para saber, com experiência, tirar o melhor proveito do meu exercício. Até porque, muito da sexualidade está na mente. Ou seja, há muito mais para explorar, a partir de mim, do que o sexo genital. O tempo pode mostrar...

Repórter: Muito grato pelas palavras lúcidas e interessantes.

"O direito à literatura"(fragmento)

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