domingo, 12 de fevereiro de 2012

Entrevista com: Malícia

Com vocês leitores, nossa terceira convidada:


Repórter: Agradeço por aceitar nosso convite, Senhora Malícia.
Malícia: Estou contente por estar aqui, ainda mais com um repórter que parece tão... dedicado (sorriso insinuante).
César: (Pigarro) Bom, primeiro queremos saber como é fazer parte constante de muitos pensamentos dos seres humanos?
Malícia: Inevitável, meu caro. Com tanta superexposição de corpos e tantas insinuações em piadas, muito cedo as pessoas aprendem a me usar. E tenho certeza de que até gostam muito disso...
César: Mas o exagero dessa influência não pode tornar muita gente pervertida e imoral, quando se pensa em cidadania e bons costumes?
Malícia: Nossa, agora você parece estar falando como um velho beato e cheio de recalques emocionais. Não creio que é tão mal assim “apimentar” nossa visão dos fatos, em especial os que estão ligados à Sexualidade, minha companheira constante (risinho debochado).
César: Isso me faz lembrar de um outro questionamento: sua influência ocorre mais na mente das pessoas ou no estado emocional mesmo?
Malícia: Eu creio que as coisas no ser humano são cíclicas ou recorrentes. Se pensa maliciosamente, sente reflexos disso no seu comportamento; se há comportamento malicioso, sua mente vai ajudar a alimentar fantasias ou desejos a mais.
César: Há pessoas tímidas e introvertidas que não aceitam bem insinuações ou brincadeiras envolvendo a Senhora. O que opina sobre elas?
Malícia: Veja bem, sou suspeita para falar coisas positivas a meu respeito. Eu creio que certos seres humanos devem ter uma vida, incluindo a sexual, muito chata e sem graça (risinho dissimulado). E deveriam me agradecer por significar um estímulo a certos comportamentos, digamos, mais ousados.
César: A Senhora quer nos convencer de que presta um serviço à Humanidade quando contagia o exercício (ou a fantasia) sexual e o torna mais vulgar?
Malícia: Vulgaridade tem uma boa dose de mim, sim, por que não? Mas eu não controlo o modo como as pessoas se deixam levar... E nem o exagero. O que incentivo é algo mais irreverente quanto à sensualidade.
César: E sobre as piadas, algumas discriminatórias, que a envolvem?
Malícia: Em sociedades como as de hoje, onde quase tudo gira em torno de mim, não seria difícil constatar que muitas piadas só existem por conta daquilo que já expressei nas outras perguntas.
César: Já questionei a senhora Vaidade sobre estar ligada a um dos sete pecados bíblicos. E quanto à Senhora também ser lembrada na Luxúria?
Malícia: Acho graça relacionar pecado a tudo que é negativo nesse mundo, e me sinto orgulhosa de pensar que, mesmo que me considerem um mal, a maioria dos seres humanos continua me usando e abusando cotidianamente. Você não acha isso maliciosamente contraditório?
César (pigarreando): Bem, esgotamos as sete perguntas e eu agradeço pela oportunidade de estar com a Senhora.
Malícia: Não me agradeça, pois vai continuar estando comigo por muito tempo (riso). 

(parte do material produzido para o Blog, intitulado Sete Entrevistas Inusitadas, de César Pavezzi.)

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