quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Mais uma entrevista inusitada...

César Pavezzi encara uma de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa quinta convidada:

Senhora Amizade
César Pavezzi: É um grande prazer poder colher impressões e opiniões da Senhora. Nossa conversa será, com certeza, muito amigável... rs
Amizade: Não tenha dúvida, meu caro. Estou sempre pronta a influenciar novas relações e interações.
Repórter: Ótimo, então já inicio questionando algo que muitas pessoas já discutiram e versificaram: que a senhora é superior ao Amor. O que pensa?
Amizade: Sou suspeita, mas tenho que concordar. Desde que consideremos que o verdadeiro sentimento de amizade compreende mais, tolera mais, aceita mais e é menos possessivo que o nosso amigo.
Repórter: Quer dizer então que uma relação amiga relativiza certas questões de vínculo e interação entre duas pessoas?
Amizade: Com toda a certeza. Amigos são menos controladores, menos sufocantes do que amantes... Claro está que, mesmo em se tratando de amizade, o tempo e a cumplicidade também vão ditar posturas de respeito e entendimento generosas.
Repórter: E o que observa das ditas amizades “coloridas”, em que se misturam afeto e intimidade sexual?
Amizade: Meu caro, creio que não podem ser chamadas de amizades. Se o que se constrói é um sentimento genuíno, franco, respeitoso, o mesmo deve ser reservado para questões de interior, fraternas, onde não deveriam se misturar certos desejos físicos.
Repórter: Por outro lado, é correto admitir que uma relação amorosa, íntima e companheira, deveria sempre partir de uma amizade verdadeira?
Amizade: Seria o ideal. Amor à primeira vista é algo questionável, já que para se desenvolver uma relação mais profunda, é preciso conhecer os hábitos, a história e os sentimentos íntimos do outro. Para isso é que se pode lançar mão de um tempo de contato, aproximação e descoberta de identificações, através de mim.
Repórter: Ainda existem posturas machistas que não admitem que, por exemplo, um homem tenha amizade com uma mulher, gerando suspeitas de que existe algo mais... Como se sente com relação a isso?
Amizade: Muito triste, até porque para a amizade não deveria haver esse tipo de discriminação. Da mesma forma que falar em estabelecer “amizade” com alguém, arquitetando segundas e terceiras intenções, também me constrange. Este sentimento tem que ser espontâneo, sincero, fluido e respeitoso.
Repórter: Por falar em espontaneidade, existe muita gente que pensa ter uma grande quantidade de amigos, quando na verdade são poucos os que realmente desenvolvem essa postura sincera e afetiva. Aliás, não acha que é possível pensar muito mais em individualismos do que em relações de amizade socialmente corretas?
Amizade: Do jeito que a sociedade está de portando no mundo de hoje, é evidente que existem muitas relações de conveniência, equivocadas e interesseiras, seja por vaidade, seja por questões materiais. É triste perceber que tudo não passa de um jogo de falsidades e superficialidades...
Repórter: Nesse sentido, o melhor é ter poucos amigos, mas autênticos e dedicados, do que arremedos de relações pouco confiáveis?
Amizade: Mais uma vez, tenho que concordar com você. Amigos devem ser poucos e preciosos. E ninguém deve se enganar, porque vale mais um amigo sincero e prestativo do que a ilusão de uma relação que não te motiva nem te reconhece como irmão.
Repórter: Muitíssimo obrigado pelas sérias e importantes orientações, muito grato.

Amizade: Não tem por quê. Desejo a todos que se dediquem mais às suas amizades e reforcem os laços que os unem às pessoas afins.

"O direito à literatura"(fragmento)

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