domingo, 16 de dezembro de 2012

UM NOVO ANO PEDE NOVAS ATITUDES...

TENTE OUTRA VEZ
(Raul Seixas)

Veja!
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez!...

Beba!
Pois a água viva ainda 'tá na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou!

Ô, tente...
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça aguenta se você parar
Não, não, não, não, não, não!

Há uma voz que canta, há uma voz que dança
Uma voz que gira... Bailando no ar...

Queira!
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo
Vai! Tente outra vez!

Tente!
E não diga que vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez!...



domingo, 2 de dezembro de 2012

O exemplo de Pinóquio (parte final)


O recurso utilizado como representação também simbólica de que, assim como Pinóquio, os meninos que fugiam da escola, acabavam se emburrecendo, literalmente (inclusive nos aspectos físicos e na mudança do jeito de falar quase zurrando), sugere o distanciamento que hoje se pode constatar entre o ir à escola, mas não querer frequentar as aulas, justamente porque o trabalho intelectual a ser enfrentado não é percebido pelos meninos como importante e educativo. E o boneco paga um preço por não querer se instruir, e construir uma mentalidade intelectual, que é ver-se na pele (literalmente) de todos os meninos-burros mostrados pelo narrador como fugitivos das aulas. Nesse ponto da história, Gepeto já nem sabe mais do paradeiro de sua criatura, concretamente perdida, tanto para o mundo externo quanto no seu mundinho interno. E que depois vai virar comida de peixe, outra brilhante metáfora para o quase-fim, ou quase-morte, alimentada pelo próprio Pinóquio, ao se afastar enormemente da educação proposta pelo seu criador, e por ter somente orelhas de um burro, já que nem assim conseguia dar ouvidos aos conselhos de sua “consciência” (o grilo), ou de sua influência boa (a fada). Qualquer semelhança com o que acontece com nossos meninos aprendizes da modernidade não é mera coincidência.

                               A transformação gradativa do boneco para virar um menino ainda impõe obstáculos bíblicos, tornando muitos momentos do final da narrativa opressivos e tristes, quando pensamos que se trata de uma “criança”. A dificuldade final que se coloca a Pinóquio, e que vai funcionar como prova material de sua mudança de atitude, é o resgate de seu criador, engolido por uma enorme baleia. Imaginação à parte, a sobrevivência de Gepeto fez-se necessária para que a história mais uma vez nos premiasse com a maior parábola da Vida: o ciclo tinha que se completar para que criador e criatura pudessem se reencontrar. E que nessa revelação causada pela nova atitude do boneco estivesse implícita a vontade de mostrar ao “pai” o novo ser que se tornou, mesmo ainda sendo “boneco” de madeira. Enfim, Gepeto é encontrado pelo “filho” arrependido e fica feliz por finalmente conseguir que o mesmo se torne um ser humano de verdade (ainda que haja a intervenção da fada boa nessa metamorfose). Agora, Pinóquio tem possibilidades de ser mais feliz, sem esquecer que poderia ter evitado todos os percalços cinzentos e sofridos pelos quais passou desde o começo de sua criação, se houvesse mantido uma postura mais de menino, e menos de boneco. Mais de ser “humano” e menos de marionete, mais intelectual e menos alienado da realidade.

(PINÓQUIO, traduzido e versionado em vários idiomas, é do italiano Carlo Collodi).
CÉSAR PAVEZZI

"O direito à literatura"(fragmento)

Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura: (...) "Chamarei de...