segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Novas entrevistas inusitadas

César Pavezzi encara uma de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa segunda convidada:

Senhora Solidariedade
César Pavezzi: É com grande contentamento que tenho oportunidade de fazer esta entrevista com Vossa Senhoria... E já gostaria de saber como a senhora quer ser entendida, a partir do seu nome?
Solidariedade: Meu nome se relaciona com reciprocidade, já que devo funcionar em conjunto com ela. Ou seja, que todos entendessem que ninguém deveria ser ou estar sozinho neste mundo, em nenhum tipo de circunstância...
Repórter: É possível então pensar que muitos seres humanos não compreendem a recíproca e, com isso, se tornam menos solidários?
Solidariedade: Sob determinados pontos de vista, sim. Se o exercício solidário depende de um outro, com necessidades e desejos semelhantes e universais, é necessário relacionar minha postura com a desse outro, para o início de um sentimento de empatia.
Repórter: Pode-se dizer então que falta muito desse exercício no mundo de hoje?
Solidariedade: Infelizmente, tenho que concordar com seu questionamento. Não só falta, como também inexiste a consciência de que, as diferenças sociais, culturais e linguísticas não deveriam significar barreiras para esse exercício, já que solidariedade pressupõe reconhecer que todos somos humanos, vivendo no mesmo planeta.
Repórter: Mas essa falta de consciência não está ligada aos processos históricos que sempre mostraram a humanidade mais preocupada com questões materiais, menosprezando fatores emocionais e sociais, importantes quando se pensa em valores morais?
Solidariedade: Absolutamente correto. Líderes de várias épocas, em sua maioria, sempre buscaram satisfazer questões egoístas e territoriais, esquecendo-se completamente da necessidade do diálogo, das negociações coletivas, de acordos pacíficos entre povos.
Repórter: A senhora poderia, a título de exemplificar, discorrer sobre um fato simples, envolvendo solidariedade?
Solidariedade: Com satisfação. Imagine a relação entre uma criança e uma plantinha, em que foi trabalhada a noção de que ambos são seres vivos e dependem da água para sobreviver, como necessidade básica. Com certeza, essa criança vai se solidarizar com a vegetação, em sentido mais amplo, sabendo que a chuva e o uso consciente desse líquido são essenciais para a vida de ambos.
Repórter: Bela e pertinente elucidação. Nessa mesma linha, a senhora imagina, então, que solidariedade é um sentimento que pode ser ensinado?
Solidariedade: Pode e deve, desde a mais tenra idade. Mas não creio que isso precise ficar a cargo somente de instituições escolares, não. Assim como outros sentimentos e valores, é um sentimento que a família precisa desenvolver, tanto quanto o respeito pelas diferenças.
Repórter: E para concluirmos esse momento de sábias reflexões, haveria uma fórmula para que a senhora se sobressaísse nas relações humanas, nos mais diversos níveis?
Solidariedade: Creio que não há conselhos ou prescrições para um sentimento espontâneo e sincero. O que me parece positivo observar é que, desde pequenas atitudes até grandes projetos que envolvem a mim, é o efeito multiplicador que isso pode deflagrar, formando grandes núcleos solidários, sem as barreiras que já citei.

Repórter: Foi muito inspirador falar com a senhora. Muito grato. 

"O direito à literatura"(fragmento)

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