domingo, 18 de dezembro de 2016

Uma grande canção (tradução livre)

Graças a minha Vida
(Gracias a la vida)

Violeta Parra

(...)
Graças a minha Vida que já me deu tanto
Me deu o sonoro e o abecedário
Com ele as palavras que penso e declaro
Mãe, amigo, irmão e luz clareando
A rota da alma de quem estou amando

Graças a minha Vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andava cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e vales
E a casa tua, tua rua e teu pátio

Graças a minha vida que já me deu tanto
Me deu o coração que agita seu marco
Quando vejo o fruto do cérebro humano
Quando vejo o bom tão longe do mau
Quando vejo o fundo de teu olhos claros

Graças a minha vida que já me deu tanto
Já me deu o riso e já me deu o pranto
Assim eu distingo sorte de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto

E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de vocês que é meu próprio canto
Graças e minha Vida, graças a minha Vida...

sábado, 22 de outubro de 2016

Mais uma entrevista inusitada...

César Pavezzi encara uma de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa quarta convidada:

Senhora Bondade

César Pavezzi: É uma grande satisfação poder falar com a Senhora, tão nobre e tão dignificadora das ações humanas...
Bondade: Eu me sinto honrada, meu caro repórter... E naturalmente irei corresponder às suas expectativas da melhor maneira possível.
Repórter: É possível pensar, como no passado alguns filósofos já propuseram, que o ser humano, na sua natureza intrínseca, é bom?
Bondade: Completamente. Não posso admitir que ele seja concebido com sementes e germes de maldade, na sua consciência e na sua alma. São as experiências e circunstâncias emocionais e sociais que o tornam diferente.
Repórter: Assim considerando, o que o transformaria seriam, então, fatores e acontecimentos externos?
Bondade: Eu acredito que sim. As provas, os desafios, os obstáculos e influências encontrados ao longo de sua jornada nesse mundo, fazem com que o mesmo assuma comportamentos e atitudes que o afastam de sua natureza original.
Repórter: Ou seja, o entorno social e as instituições que o obrigam a assumir papéis auxiliam na perda desse componente tão importante para seu caráter e equilíbrio de sua personalidade?
Bondade: Este é um raciocínio muito acertado. Pressionado por tantas exigências do meio social, e por dificuldades internas de equilibrar posturas e decisões a serem tomadas, o ser humano comete atos às vezes abomináveis, impensáveis num indivíduo de sua espécie.
Repórter: Como poderia ocorrer de forma mais coerente a formação de valores positivos, como a senhora, e aquele equilíbrio entre personalidade e papéis sociais inerentes ao estar nesse mundo?
Bondade: Na minha terna e carinhosa visão, dois fatores essenciais se perdem durante a vida de um indivíduo: a maneira como ele deveria vivenciar o respeito dentro da coletividade e seu afastamento de uma crença espiritual. Uma consciência cultivada desses dois aspectos levaria a um entendimento melhor do que é ser bom, com empatia e responsabilidade moral.
Repórter: Poderia nos explicitar algum exemplo referente ao respeito, enquanto prática coletiva?
Bondade: Claro. Respeitar suas limitações, suas dificuldades, sua condição de ser em constante mudança e crescimento é um sentimento que pode e deve ser transferido, em termos de reciprocidade, a todos os outros que são seres humanos. Ao invés disso, o que se vê em muitos povos e comunidades é somente egoísmo, vaidade, vícios, imediatismos pessoais, dissimulações.
Repórter: Em função disso, não é difícil entender aquele afastamento de uma crença espiritual, já que não existem compromissos morais?
Bondade: Perfeitamente. Se o ser humano se volta absolutamente para ele e para suas necessidades físicas e interesses materialistas, a possibilidade de acreditar em questões espirituais e seus desdobramentos acaba se tornando muito remota. E como sentir bondade se você não se reconhece no outro, enquanto semelhante?
Repórter: Bem, para finalizar, que conselho a senhora daria para aquelas pessoas que, apesar de todas as questões de nosso mundo, ainda tentam manter um mínimo da senhora em seus corações?
Bondade: Para que se mantenham assim, pois além de mim, não pode faltar aos seres humanos outro sentimento primordial que pode preservar sua alma: o amor.

Repórter: Extremamente agradecido e emocionado com suas palavras profundas e luminosas.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Uma letra e uma canção inspiradoras...

Brincar de Viver
(Guilherme Arantes)

Quem me chamou
Quem vai querer voltar pro ninho
Redescobrir seu lugar
Pra retornar e enfrentar o dia-a-dia
Reaprender a sonhar

Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
E continua sempre que você
Responde "sim" à sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz "não"

Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
Não esquecer, ninguém é o centro do universo
Assim é o maior o prazer

(...)
E eu desejo amar a todos que eu cruzar
Pelo meu caminho...
Como sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo, vem..

(Interpretada lindamente por Maria Bethânia)




domingo, 15 de maio de 2016

Mais entrevistas inusitadas...

César Pavezzi encara uma de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa terceira convidada:

Senhora Sexualidade
César Pavezzi: É com satisfação que entrevisto uma grande força que move as pessoas desse mundo...
Sexualidade: A mim também pode ser prazeroso expor meus conceitos e influências que dominam muitas culturas humanas...
Repórter: Então seria conveniente expor por que a Senhora pode ser, ao mesmo tempo, uma fonte de energia criadora positiva e, para muitos, justamente aquilo que degenera, que vicia, que pode até destruir?
Sexualidade: Depende do ponto de vista de cada um, em especial se formos levar em conta questões moralistas ou culturais de cada grupo social. O que para alguns é necessário apenas para procriação, para outros pode representar apenas uma fonte de prazer a mais.
Repórter: Mas ficar exercitando-a continuamente apenas pela busca do prazer físico, de sensações, não pode representar algo vicioso e distanciado de envolvimento emocional, nas relações humanas?
Sexualidade: Pode ser... O ser humano é vaidoso, em muitos casos prepotente, e para não parecer fraco, se autoafirma justamente através de mim... Se não há equilíbrio entre aquela busca e o desenvolvimento de relações sentimentais, é por conta desse narcisismo recorrente nos meios sociais.
Repórter: Já que falou em questões sentimentais, o que pensa dessa atitude das pessoas de primeiro levar em conta a performance física, sem que o lado emocional seja valorizado?
Sexualidade: Tem coisas que acontecem de forma até inconsciente, já que a energia que desperto tem raízes primitivas e animalescas. Nesse sentido, humanos e animais são muito parecidos: querem se exibir, se expor, tentar conquistar pela aparência e pela sensualidade, em rituais e manifestações às vezes exagerados.
Repórter: Por falar em comportamento inconsciente, a senhora acredita nas teorias psicanalíticas que atribuem ao inconsciente certos desejos sexuais, considerados tabu em muitas sociedades?
Sexualidade: Se imaginarmos que essa força que me constitui pode sair de controle quando não queremos racionalizar ou reprimir certos conceitos e ideias considerados moralmente doentes, em muitos aspectos as teorias estão corretas.
Repórter: Não lhe parece assustador considerar que muitos humanos, por se deixarem levar emocional ou psicologicamente pela sua influência, tenham seus sentimentos rebaixados a meros instintos?
Sexualidade: Eis o campo farto para eu me desenvolver de forma equivocada e pouco saudável: uma mídia que se aproveita desses sentimentos das pessoas, meios de comunicação que sugerem, divulgam e incentivam meu exercício desenfreado, e seres humanos totalmente suscetíveis a essas manifestações de sensualidade aberta.
Repórter: E quando tudo isso se transforma numa força destruidora de relações amorosas?
Sexualidade: Há que se questionar se são relações realmente amorosas... Porque não podemos confundir uma paixão física, baseada em sensações e prazeres corporais, com sentimento genuíno de amor. Os dois podem até acontecer juntos, o que seria ideal. Mas um relacionamento construído apenas sobre sexo está fadado ao fracasso, com certeza.
Repórter: Para concluir nossas reflexões, o que pensa de si mesma quando o ser humano chega à maturidade?
Sexualidade: É o melhor momento para saber, com experiência, tirar o melhor proveito do meu exercício. Até porque, muito da sexualidade está na mente. Ou seja, há muito mais para explorar, a partir de mim, do que o sexo genital. O tempo pode mostrar...

Repórter: Muito grato pelas palavras lúcidas e interessantes.

domingo, 3 de abril de 2016

Versão ao português de "Amores Extraños" (trechos):

(...)
É a espera de um telefonema
A aventura do não lógico
A loucura do que é mágico
Um veneno sem antídoto
A amargura do efêmero
Porque ele foi embora

(...)
São amores que somente em nossa idade
Se confundem em nossos espíritos
Te interrogam e nunca te deixam ver
Se serão amor ou só prazer

(...)
Amores, tão estranhos que vêm e se vão
Que em teu coração sobreviverão
São histórias que sempre contarás
Sem saber se são de verdade

São amores frágeis
Prisioneiros, cúmplices
São amores problemáticos
Como tu, como eu
Tão estranhos que vivem negando-se
Escondendo-se de nós dois...

César Pavezzi

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Um poema de Flora Figueiredo, poetisa brasileira contemporânea:

Expectativas

O vento anda ficando mentiroso:
prometeu trazer você - não trouxe,
de dizer o porquê - não disse;
passou com pressa rumo ao horizonte.
Já não tem importância
que cometa outra vez
um ato de inconstância.
Aprendi a esperar.
Se ventos são capazes de levar embora,
a qualquer hora
também serão capazes de fazer voltar.

(Versão ao espanhol)

El viento se anda poniendo mentiroso:
prometió traer a usted - no trajo,
de decir el porqué - no dijo;
pasó con prisa rumbo al horizonte.
Ya no tiene inportancia
que cometa otra vez
un acto de inconstancia.
Aprendi a esperar.
Si vientos son capaces de llevar a uno,
a cualquier hora
también serán capaces de hacer volver.

César Pavezzi

"O direito à literatura"(fragmento)

Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura: (...) "Chamarei de...