terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Entrevista com: Família

Com vocês leitores, nossa quarta convidada:

Repórter: É um grande prazer falar com a Senhora, Família.
Família: O prazer é meu, embora eu esteja meio desvirtuada, nesses tempos tão socialmente caóticos e desorganizados.
César: É fato, o que me leva à primeira questão: a Senhora se refere a uma família nuclear, tradicional?
Família: Não, meu querido. Acho que o conceito de grupo familiar se ampliou muito, até por conta das diferentes combinações familiares que observamos no mundo de hoje. Prefiro considerar o sentimento de família como algo mais expressivo e sólido no estabelecimento de papéis.
César: E a que a Senhora atribui essas mudanças tão profundas e amplas?
Família: Essa desagregação e os novos tipos de laços atravessaram os tempos influenciados pelas transformações ideológicas, culturais e até psicológicas, sofridas pela Humanidade como um todo. É possível pensar que tudo isso tem sido produzido pelo próprio ser humano para poder se adequar a muitas angústias e muita sede de autoconhecimento.
César: Quer dizer que a Senhora vê de maneira positiva até que crianças sejam educadas por avós, tios ou pais adotivos?
Família: De maneira geral, sim. Antes ter educação, além de proteção e alimento, vindos de um parente ou familiar próximo, do que não poder contar com pais biológicos despreparados ou pouco amorosos, não acha?
César: O que é mais triste perceber, nesse mundo onde famílias nem são bem formadas e muitas se desagregam com facilidade extrema?
Família: Crianças que não sabem o que é ter a mim... Uma criança sem família é como uma árvore sem raízes. Ela tem muita dificuldade de se desenvolver e solidificar sua formação. Mesmo adotada por outras pessoas, com certeza ela vai ter uma estrutura emocional mais segura.
César: Se pensamos numa família tradicional, nuclear, qual é o principal elemento social para que a mesma não se desagregue?
Família: Nem é preciso imaginar essa tal tradição de pai, mãe e filhos... O que é necessário para uma união, uma convivência saudável e harmônica se traduz por amor. Pode faltar quase tudo em qualquer tipo de grupo familiar, menos um amor profundo entre seus vinculados.
César: Uma família menor, mais planejada, é sinônimo de família feliz?
Família: Nem sempre... Prefiro considerar que, grande ou pequena, tudo depende da consciência e dos laços afetivos que existem entre as pessoas que a compõem. Mas é bom lembrar que filhos precisam de pais preparados e que tenham vindo de uma formação emocional consciente.
César: Pois bem, agora um questionamento final: por que, mesmo sendo todos filhos do mesmo Deus-Pai, os seres humanos se esquecem da grande família que é a Humanidade?
Família: Porque se esquecem de foram feitos para serem irmãos, para servirem uns aos outros, caridosa e solidariamente, em harmonia. Quem sabe não está chegando o tempo em que isso tudo se transforme... para melhor...
César: Foi muito emocionante colher suas respostas sábias. Agradeço muito.
(parte do material intitulado: Sete Entrevistas Inusitadas, de autoria de César Pavezzi.)

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