sábado, 24 de maio de 2014

Sobre multidões e comemorações visionárias

Eu queria ver, e continuo querendo, a multidão agitada, comemorando entusiasticamente a vitória da paz sobre toda e qualquer violência...
Eu queria ver, e continuo querendo, braços erguidos, rostos sorridentes, pela descoberta da cura contra muitos males físicos que afligem milhares de enfermos...
Eu queria ver, e continuo querendo, milhares de vozes gritando contra as atitudes corruptas de líderes políticos e empresários irresponsáveis...
Eu queria ver, e continuo querendo, milhões de torcedores empenhados em comemorar o fim das diferenças ideológicas e religiosas que separam nossos irmãos humanos no Oriente Médio...
Eu queria ver, e continuo querendo, centenas de milhares de pessoas fazendo barulho por mais atenção e cuidado com nossos irmãos africanos...
Eu queria ver, e continuo querendo, a multidão preocupada e indignada com a fome, a miséria, o descaso com as crianças de muitas partes do meu país e do mundo, bradando por elas...
Eu queria ver, e continuo querendo, uma grande comemoração porque, finalmente, a questão das comunidades carentes e intimidadas das periferias de muitas cidades, foi resolvida com justiça...
Eu queria ver,e continuo querendo, bandeiras, tambores, danças e alegria, porque o futuro de nossos filhos e netos será diferente...
E eu ainda queria ver, e vou continuar querendo, nações mais unidas e religiosas, não nos momentos de grandes eventos, mas sim para prática da dignidade, do afeto e da solidariedade verdadeiros.
César Pavezzi.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sobre bandeiras e sentimentos esquecidos

Sempre admirei o simbolismo das bandeiras, a lembrança de honra e dignidade que elas deveriam suscitar, o sentimento verdadeiro de ser representado naquele pedaço de pano, a força desfraldada e agitada pelo vento... Pode até parecer uma sensação piegas, sufocada pelo significado que implantaram no uso deste objeto patriótico, que, por si só, já fala muito do mito buscado nas cores e formas usadas para passar uma mensagem de conquistas, liberdade, identidade e pertencimento.
Sempre me perguntei também por que muita gente crê que esse pedaço de pano só representa instituições governamentais, ou demagogicamente, discursos e posturas políticas em épocas de grande eventos ou de apelo ao coração dos cidadãos do país. Uma bandeira, até por conta de revelar um passado de conquistas, muitas vezes sangrentas e injustas, a crença numa liberdade que custou vidas humanas e sacrifícios gigantescos, revelar a suposta identidade de uma nação, e a sensação de pertencimento ao território onde se irmanam cidadãos, não precisa de ufanismos hipócritas, nem de comemorações pontuais por vitórias menores. Na minha humilde e, ao mesmo tempo, orgulhosa condição de brasileiro, essa sobreposição geométrica e colorida, tem um significado muito maior.
A verdadeira bandeira, ainda que não se materialize num mastro ou pendurada em janelas e sacadas, a verdadeira representação patriótica trago costurada no meu coração de cidadão atordoado, não com festas e glórias efêmeras, mas com a lembrança de meus irmãos sofridos, prejudicados e massacrados por outros brasileiros. Minha bandeira está manchada de suor e gotas de sangue, de todos aqueles que sofreram e sofrem injustiças, opressões e violência de toda espécie. Ela envolve meus sentimentos mais nobres, incluindo os negativos. Quisera fossem diferentes e cheios de alegria.
Essa mistura de linhas e cores, tão ordenadamente pensada, podia ser a mesma mistura de novos ideais, de atitudes e posturas mais humanas por conta de quem levanta bandeiras outras, de mais alegria e felicidade duradouras, de mais paz e harmonia, para que se possa ter o mais nobre progresso que se desejaria de irmãos num mesmo território, numa mesma nação: o progresso moral e espiritual.
César Pavezzi

"O direito à literatura"(fragmento)

Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura: (...) "Chamarei de...