sábado, 24 de março de 2012

Nada mais que poesia...

                                                Soneto à Liberdade
(César Pavezzi)

Liberdade, com letra maiúscula,
Porque transcende seu próprio sentido
De musa inspiradora das paixões
Desde o ser humano mais antigo.

Essa sóbria e tranqüila dama,
Que tanto nos acompanha na jornada,
É o que nos faz perder o controle
Em qualquer situação mais impensada.

Se por um lado a imaginamos amiga,
(E ela o é, com toda a certeza)
E confiamos nessa parceira tão antiga,

Também é verdade que, de surpresa,
Diante do muito a que a vida nos obriga,
Ela nos proporciona um tanto de beleza.


domingo, 11 de março de 2012

Entrevista com: FELICIDADE

Com vocês, leitores, nossa sétima e última convidada:


Repórter: É um grande prazer recebê-la, Senhora Felicidade!
Felicidade: Agradeço pelo convite e espero provocar muito contentamento com minhas respostas (risinho discreto).
César: Tenho certeza disso. Bem, em primeiro lugar, o que é verdadeiramente ser feliz?
Felicidade: Não é algo que se adquire através de coisas externas, bens materiais ou objetos concretos que o ser humano coloca à sua disposição. A Felicidade genuína está dentro de cada um, relacionada muito mais à alma do que a outra forma material de vida.
César: Então a Humanidade, em muitos momentos, se sente infeliz justamente por buscá-la do lado de fora, nas situações e objetos externos?
Felicidade: Sim, meu querido. Nada é tão sábio do que conhecer a si mesmo e saber o que realmente contenta seu coração e seu espírito, de forma subjetiva, emocional.
César: Dizem que o dinheiro, os bens materiais, não compram a Felicidade. Mas por que então existe tanta infelicidade causada pela miséria e má distribuição de valores materiais na Terra?
Felicidade: Um tanto do que respondi nas duas primeiras questões ajuda a compreender isso. Egoísmos, vaidades, falta de solidariedade, individualismos de toda sorte e interesses por poder não deixam que a Felicidade seja estimulada no coletivo, de forma mais humanizadora.
César: Bem, então podemos pensar que se os bens materiais fossem melhor divididos, todos seriam mais felizes?
Felicidade: Não é só isso. A verdade é que muitas pessoas não se contentam com uma vida mais simples, tendo o necessário para suprir suas necessidades materiais, e proporcionando uma divisão mais justa de recursos. Solidariedade teria que ser um exercício constante, não só um discurso.
César: Quer dizer que uma vida mais simples traz mais Felicidade do que a riqueza material?
Felicidade: Pode acreditar nisso. Eu estou mais presente nas coisas simples, no cotidiano das pessoas simples, nas pequenas alegrias, do que em grandes eventos marcados por pompa e luxo (que não revelam o sofrimento e a dor que escondem).
César: Então por que é que a tantas pessoas se sentem tão insatisfeitas, quando avaliam seu estado geral de Felicidade?
Felicidade: Porque ainda não aprenderam a amar. Amar família, colegas, amigos, namorados e até mesmo o trabalho que cabe a cada um como missão. Quando se estabelece uma rede de sabedoria para esse amor despojado e compreensivo, mais cresce a possibilidade de cada um e todos serem mais felizes.
César: É possível pensar que, desse modo, sem uma Felicidade coletiva, ninguém é verdadeiramente feliz no plano individual?
Felicidade: Sim. Quando há sintonia nessa busca, consciência e valorização de sentimentos, tudo se torna mais fácil. Por isso, a necessidade de se conhecer e valorizar mais suas alegrias internas, emocionais.
César: Muito sábio. Uma sabedoria que traz Felicidade... Estou muito comovido e bastante grato. Esperamos tê-la sempre ao nosso lado.
Felicidade: Meu objetivo é esse, meu caro. Desejo uma boa dose de mim a todos!
(parte do material intitulado Sete Entrevistas Inusitadas, da autoria de César Pavezzi.)

domingo, 4 de março de 2012

Entrevista com: CORRUPÇÃO

Com vocês, leitores, nossa sexta convidada:

Repórter: Nossa entrevistada dessa vez é a Senhora Corrupção.
Corrupção: É uma satisfação saber que os leitores se interessam por mim.
César: Realmente, a Senhora sempre esteve em alta no mundo todo. Como se sente com relação a isso?
Corrupção: Bom, eu sou um produto básico da índole do ser humano. Como diz a frase popular: “todo homem tem seu preço”. E com certeza passei a fazer parte da personalidade humana desde os tempos mais remotos.
César: Para muitos homens, a sua presença na sociedade representa um “câncer” que precisa ser extirpado totalmente, para não continuar contaminando os grupos sociais. O que pensa a respeito?
Corrupção: Eu não ligo a mínima. A própria humanidade criou mecanismos que facilitam a minha propagação. Desde certos relacionamentos familiares até grandes negócios comerciais, todos se utilizam de mim. É típico da civilização.
César: A Senhora quer dizer que quanto mais civilizado o mundo, mais corrupto ele se torna?
Corrupção: Essa espécie de civilização que se desenvolveu está toda costurada com atos e desmandos temperados por mim. Poder, dinheiro, fama, vaidades e egoísmos são terrenos férteis para o meu domínio.
César: Não incomoda ser famosa por provocar prejuízos e sofrimentos em vários graus?
Corrupção: Bem, eu também tenho vaidade, mas penso que a Humanidade não precisaria mais de mim se houvesse menos egoísmo e menos interesses materiais em jogo. Não é o que tem se visto por aí.
César: Políticos se corrompem tanto quanto empresários, ou existe mais da sua interferência em algum setor?
Corrupção: Eu existo na negociação miúda envolvida nas relações familiares e consigo atingir até os mais altos escalões de determinados conglomerados financeiros. Muitos me confundem com “conciliação” de interesses, e até me dão nomes bonitos, técnicos. Mas no fundo eu posso comprar qualquer um.
César: Exageros à parte, e quando existe uma pessoa que não se deixa influenciar pela sua presença em determinada relação social?
Corrupção: Penso que seja uma pessoa fora de sintonia com essa sociedade que se diz civilizada e desenvolvida, já que estar nesse jogo inclui uma boa dose de interesse material e individualismo. Essa, digamos, exceção da natureza humana seria um verdadeiro herói da modernidade.
César: Menos mal que a senhora possa considerar assim... Mas, por último, e quando a senhora não existir mais, o que fará depois da sua, digamos, aposentadoria?
Corrupção: Bem, meu rapaz, sendo bem direta: isso ainda vai demorar muito a acontecer. Imagine se as grandes organizações, instituições e famílias poderosas vão deixar de influir nos destinos da Humanidade? Onde houver jogos de interesses, mentalidades materialistas e lideranças imorais, lá estarei, sempre nas entranhas dessas negociações sociais...
César (cara de revolta): Mesmo diante de tanta franqueza, agradeço pela disposição de falar sobre sua realidade. Já foi o bastante!
(parte do material intitulado Sete Entevistas Inusitadas, do autor César Pavezzi.)

"O direito à literatura"(fragmento)

Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura: (...) "Chamarei de...