domingo, 25 de novembro de 2012

O exemplo de Pinóquio (parte dois)


                               Claro está que uma “consciência” de boneco não estaria tão preparada ou orientada para as tentações do novo mundo que se abrira para Pinóquio. Não muito diferente do mundo de hoje, salvo na roupagem tecnológica que ganharam alguns tipos de distrações e lazeres, com certeza bem mais interessantes que as carteiras de escola e as atividades intelectuais propostas. E nesse caldeirão de influências, que no livro são representadas por criaturas inescrupulosas e enganadoras, as crianças não sabem (ou não querem) distinguir o que é mais importante para sua vida de “bonecos” deslumbrados com os espetáculos, portáteis ou massificadores, que o mundo midiático e consumista lhes oferece diariamente.

                               Ainda que haja “grilos falantes” e “fadas”, outros símbolos positivos na vida do menino, ou melhor, boneco, o grande circo de distrações e maravilhas aberto aos seus olhos e à sua imaginação funciona como o anestésico atrofiador de algum rasgo de consciência que seus verdadeiros amigos possam esperar de sua atitude. E a mentira entra como parte desse aprendizado torto, onde levar vantagem e não ser punido nem sempre conseguem impedir seu “nariz” comprido de denunciá-lo, e muitas vezes de se envergonhar. Já que ainda é um boneco-menino e não aprendeu certas malícias reservadas à vida de adulto.
(César Pavezzi)

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