Gepeto (que é uma metáfora
interessante de pai, criador e educador), um dia, descobre que tinha em mãos
mais do que um amontoado de pedaços de madeira juntados e atados, mais do que
uma marionete , enfim, tinha um menino, ou um projeto de menino, ser humano em
construção. Outro simbolismo para a segunda infância, pois Pinóquio, assim
“batizado” pelo criador, já nasceu criança desenvolvida e curiosa. Como muitas
que nascem nos dias de hoje, ainda que com um pai que nem de longe tem a doçura
e as preocupações de Gepeto, o velhinho. Os exemplos trazidos pela história
desse boneco podem sugerir, ressalvadas a época de produção do romance e as
intenções ideológicas do autor, uma comparação bastante próxima ao universo em
que estão mergulhados nossos aprendizes da atualidade.
Como
todo pai zeloso e empenhado na educação de filhos, Gepeto logo decide que
Pinóquio deveria frequentar a escola. Decisão sábia, porém sem muito peso na
consciência de um boneco de madeira que, ao longo das circunstâncias impostas
pela história narrada, teria que lutar muito para se tornar um ser humano,
menino de carne e osso, um desejo genuíno do próprio pai. O que existe de
profundo e cíclico aqui é o fato de que todo criador tem essa vontade profunda
de que sua criatura melhore, cresça, intelectual e emocionalmente, para
conseguir ser reconhecido verdadeiramente como alguém, gente, humano e mais
preparado para o mundo. Discurso semelhante ao de todo pai quando cobra seus
filhos sobre a importância de estudar, empenhar-se na escola.
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