César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa sétima convidada:
Senhora
Solidão
César Pavezzi: É com respeito
e admiração que começo essa nossa entrevista, minha cara Senhora.
Solidão: Muito grata, meu
caro repórter. Vou procurar esclarecer as coisas de forma simples e direta,
pode acreditar.
Repórter: As pessoas
confundem muito o fato de alguém querer ficar sozinho com ser solitário. O que
pensa sobre isso?
Solidão: Pois é, há que se
fazer uma distinção analítica. Quando alguém está sozinho, não solitário, em
muitos aspectos, é por pura opção ou vontade. Ser solitário envolve avaliar
isolamento, tristeza, depressão, timidez, introvertimento, entre outros fatores
sócio-emocionais.
Repórter: Bem, esse e
outro tipo de confusão que acontece, quando o assunto é a senhora, pode
explicar certa negatividade que carrega?
Solidão: Pode, em muitas
ocasiões. O ser humano é gregário, interativo, sociável, não sendo admitido que
alguém fique na minha companhia por muito tempo ou por opção.
Repórter: Há diferentes
tipos de solidão, então? Como quais?
Solidão: Creio que é
necessário separar as relações humanas, seus papéis, as condições sociais, para
poder me entender melhor. Há solidão até em muitas relações que se dizem
amorosas... E há solidão entre membros de uma mesma família, e até de uma mesma
comunidade específica. Uma pessoa pode estar cercada de uma multidão, e se sentir
extremamente sozinha. Depende das circunstâncias e motivações.
Repórter: Muitos seres
humanos dizem ser a solidão amorosa o pior tipo de sentimento que a envolve.
Também acredita nisso?
Solidão: Pode ser... Mas
creio que, se você amou alguém e tem lembranças positivas e emocionantes, eu
acabo sendo amenizada, já que a memória pode deixar as pessoas menos
solitárias.
Repórter: E a solidão da
falta de amigos? É dolorosa também, não acha?
Solidão: Sem dúvida. Creio
que o segredo para me evitar, nessas relações, é não desejar que outro seja
como você, e respeitar as diferenças, incluindo aqui o modo de sentir as
coisas.
Repórter: Mas estar
cercado de um monte de pessoas do lado de fora não significa que, internamente,
não possamos estar num momento de solidão profunda, não é mesmo?
Solidão: Em muitas
circunstâncias, sim. Mas prefiro compreender que, quando eu toco as pessoas, é
para significar um tipo de pausa para reflexão: sobre a vida, suas relações com
as pessoas, com o mundo que te cerca, sobre o que te faz feliz ou
descontente...
Repórter: Há certas
pessoas que também acreditam que o ser humano nunca está totalmente sozinho,
sendo sempre velado ou protegido por forças e entidades espirituais. Isso seria
possível?
Solidão: Depende. Uma
crença é sempre uma esperança a mais para você se sentir amparado, acompanhado.
Cada ser humano é fonte de energias e efeitos emocionais constantes que podem
tranquilizá-lo, animá-lo ou prejudicá-lo. Não estar sozinho ou não ser
solitário é uma questão de escolha.
Repórter: Profundamente
agradecido por suas palavras sinceras e cheias de reflexão. Meus respeitos.
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