César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa quinta convidada:
Senhora
Amizade
César Pavezzi: É um grande
prazer poder colher impressões e opiniões da Senhora. Nossa conversa será, com
certeza, muito amigável... rs
Amizade: Não tenha dúvida,
meu caro. Estou sempre pronta a influenciar novas relações e interações.
Repórter: Ótimo, então já
inicio questionando algo que muitas pessoas já discutiram e versificaram: que a
senhora é superior ao Amor. O que pensa?
Amizade: Sou suspeita, mas
tenho que concordar. Desde que consideremos que o verdadeiro sentimento de
amizade compreende mais, tolera mais, aceita mais e é menos possessivo que o
nosso amigo.
Repórter: Quer dizer então
que uma relação amiga relativiza certas questões de vínculo e interação entre
duas pessoas?
Amizade: Com toda a
certeza. Amigos são menos controladores, menos sufocantes do que amantes... Claro
está que, mesmo em se tratando de amizade, o tempo e a cumplicidade também vão
ditar posturas de respeito e entendimento generosas.
Repórter: E o que observa
das ditas amizades “coloridas”, em que se misturam afeto e intimidade sexual?
Amizade: Meu caro, creio
que não podem ser chamadas de amizades. Se o que se constrói é um sentimento
genuíno, franco, respeitoso, o mesmo deve ser reservado para questões de
interior, fraternas, onde não deveriam se misturar certos desejos físicos.
Repórter: Por outro lado,
é correto admitir que uma relação amorosa, íntima e companheira, deveria sempre
partir de uma amizade verdadeira?
Amizade: Seria o ideal.
Amor à primeira vista é algo questionável, já que para se desenvolver uma
relação mais profunda, é preciso conhecer os hábitos, a história e os
sentimentos íntimos do outro. Para isso é que se pode lançar mão de um tempo de
contato, aproximação e descoberta de identificações, através de mim.
Repórter: Ainda existem
posturas machistas que não admitem que, por exemplo, um homem tenha amizade com
uma mulher, gerando suspeitas de que existe algo mais... Como se sente com
relação a isso?
Amizade: Muito triste, até
porque para a amizade não deveria haver esse tipo de discriminação. Da mesma
forma que falar em estabelecer “amizade” com alguém, arquitetando segundas e
terceiras intenções, também me constrange. Este sentimento tem que ser
espontâneo, sincero, fluido e respeitoso.
Repórter: Por falar em
espontaneidade, existe muita gente que pensa ter uma grande quantidade de amigos,
quando na verdade são poucos os que realmente desenvolvem essa postura sincera
e afetiva. Aliás, não acha que é possível pensar muito mais em individualismos
do que em relações de amizade socialmente corretas?
Amizade: Do jeito que a
sociedade está de portando no mundo de hoje, é evidente que existem muitas
relações de conveniência, equivocadas e interesseiras, seja por vaidade, seja
por questões materiais. É triste perceber que tudo não passa de um jogo de
falsidades e superficialidades...
Repórter: Nesse sentido, o
melhor é ter poucos amigos, mas autênticos e dedicados, do que arremedos de
relações pouco confiáveis?
Amizade: Mais uma vez,
tenho que concordar com você. Amigos devem ser poucos e preciosos. E ninguém
deve se enganar, porque vale mais um amigo sincero e prestativo do que a ilusão
de uma relação que não te motiva nem te reconhece como irmão.
Repórter: Muitíssimo
obrigado pelas sérias e importantes orientações, muito grato.
Amizade: Não tem por quê.
Desejo a todos que se dediquem mais às suas amizades e reforcem os laços que os
unem às pessoas afins.
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