César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa segunda convidada:
Senhora Solidariedade
César Pavezzi: É com
grande contentamento que tenho oportunidade de fazer esta entrevista com Vossa
Senhoria... E já gostaria de saber como a senhora quer ser entendida, a partir
do seu nome?
Solidariedade: Meu nome se
relaciona com reciprocidade, já que devo funcionar em conjunto com ela. Ou
seja, que todos entendessem que ninguém deveria ser ou estar sozinho neste
mundo, em nenhum tipo de circunstância...
Repórter: É possível então
pensar que muitos seres humanos não compreendem a recíproca e, com isso, se
tornam menos solidários?
Solidariedade: Sob
determinados pontos de vista, sim. Se o exercício solidário depende de um
outro, com necessidades e desejos semelhantes e universais, é necessário
relacionar minha postura com a desse outro, para o início de um sentimento de
empatia.
Repórter: Pode-se dizer
então que falta muito desse exercício no mundo de hoje?
Solidariedade:
Infelizmente, tenho que concordar com seu questionamento. Não só falta, como
também inexiste a consciência de que, as diferenças sociais, culturais e
linguísticas não deveriam significar barreiras para esse exercício, já que
solidariedade pressupõe reconhecer que todos somos humanos, vivendo no mesmo
planeta.
Repórter: Mas essa falta
de consciência não está ligada aos processos históricos que sempre mostraram a
humanidade mais preocupada com questões materiais, menosprezando fatores
emocionais e sociais, importantes quando se pensa em valores morais?
Solidariedade:
Absolutamente correto. Líderes de várias épocas, em sua maioria, sempre
buscaram satisfazer questões egoístas e territoriais, esquecendo-se
completamente da necessidade do diálogo, das negociações coletivas, de acordos
pacíficos entre povos.
Repórter: A senhora
poderia, a título de exemplificar, discorrer sobre um fato simples, envolvendo
solidariedade?
Solidariedade: Com
satisfação. Imagine a relação entre uma criança e uma plantinha, em que foi
trabalhada a noção de que ambos são seres vivos e dependem da água para
sobreviver, como necessidade básica. Com certeza, essa criança vai se
solidarizar com a vegetação, em sentido mais amplo, sabendo que a chuva e o uso
consciente desse líquido são essenciais para a vida de ambos.
Repórter: Bela e
pertinente elucidação. Nessa mesma linha, a senhora imagina, então, que
solidariedade é um sentimento que pode ser ensinado?
Solidariedade: Pode e deve,
desde a mais tenra idade. Mas não creio que isso precise ficar a cargo somente
de instituições escolares, não. Assim como outros sentimentos e valores, é um
sentimento que a família precisa desenvolver, tanto quanto o respeito pelas
diferenças.
Repórter: E para
concluirmos esse momento de sábias reflexões, haveria uma fórmula para que a
senhora se sobressaísse nas relações humanas, nos mais diversos níveis?
Solidariedade: Creio que
não há conselhos ou prescrições para um sentimento espontâneo e sincero. O que
me parece positivo observar é que, desde pequenas atitudes até grandes projetos
que envolvem a mim, é o efeito multiplicador que isso pode deflagrar, formando
grandes núcleos solidários, sem as barreiras que já citei.
Repórter: Foi muito
inspirador falar com a senhora. Muito grato.
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