César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa terceira convidada:
Senhora Sexualidade
César Pavezzi: É com
satisfação que entrevisto uma grande força que move as pessoas desse mundo...
Sexualidade: A mim também
pode ser prazeroso expor meus conceitos e influências que dominam muitas
culturas humanas...
Repórter: Então seria
conveniente expor por que a Senhora pode ser, ao mesmo tempo, uma fonte de
energia criadora positiva e, para muitos, justamente aquilo que degenera, que
vicia, que pode até destruir?
Sexualidade: Depende do
ponto de vista de cada um, em especial se formos levar em conta questões
moralistas ou culturais de cada grupo social. O que para alguns é necessário
apenas para procriação, para outros pode representar apenas uma fonte de prazer
a mais.
Repórter: Mas ficar
exercitando-a continuamente apenas pela busca do prazer físico, de sensações,
não pode representar algo vicioso e distanciado de envolvimento emocional, nas
relações humanas?
Sexualidade: Pode ser... O
ser humano é vaidoso, em muitos casos prepotente, e para não parecer fraco, se
autoafirma justamente através de mim... Se não há equilíbrio entre aquela busca
e o desenvolvimento de relações sentimentais, é por conta desse narcisismo
recorrente nos meios sociais.
Repórter: Já que falou em
questões sentimentais, o que pensa dessa atitude das pessoas de primeiro levar
em conta a performance física, sem que o lado emocional seja valorizado?
Sexualidade: Tem coisas
que acontecem de forma até inconsciente, já que a energia que desperto tem
raízes primitivas e animalescas. Nesse sentido, humanos e animais são muito
parecidos: querem se exibir, se expor, tentar conquistar pela aparência e pela
sensualidade, em rituais e manifestações às vezes exagerados.
Repórter: Por falar em
comportamento inconsciente, a senhora acredita nas teorias psicanalíticas que
atribuem ao inconsciente certos desejos sexuais, considerados tabu em muitas
sociedades?
Sexualidade: Se
imaginarmos que essa força que me constitui pode sair de controle quando não
queremos racionalizar ou reprimir certos conceitos e ideias considerados
moralmente doentes, em muitos aspectos as teorias estão corretas.
Repórter: Não lhe parece
assustador considerar que muitos humanos, por se deixarem levar emocional ou
psicologicamente pela sua influência, tenham seus sentimentos rebaixados a
meros instintos?
Sexualidade: Eis o campo
farto para eu me desenvolver de forma equivocada e pouco saudável: uma mídia
que se aproveita desses sentimentos das pessoas, meios de comunicação que
sugerem, divulgam e incentivam meu exercício desenfreado, e seres humanos
totalmente suscetíveis a essas manifestações de sensualidade aberta.
Repórter: E quando tudo
isso se transforma numa força destruidora de relações amorosas?
Sexualidade: Há que se
questionar se são relações realmente amorosas... Porque não podemos confundir
uma paixão física, baseada em sensações e prazeres corporais, com sentimento
genuíno de amor. Os dois podem até acontecer juntos, o que seria ideal. Mas um relacionamento
construído apenas sobre sexo está fadado ao fracasso, com certeza.
Repórter: Para concluir
nossas reflexões, o que pensa de si mesma quando o ser humano chega à
maturidade?
Sexualidade: É o melhor
momento para saber, com experiência, tirar o melhor proveito do meu exercício.
Até porque, muito da sexualidade está na mente. Ou seja, há muito mais para
explorar, a partir de mim, do que o sexo genital. O tempo pode mostrar...
Repórter: Muito grato
pelas palavras lúcidas e interessantes.
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