É, os tempos mudaram muito. E com as mudanças, nunca se viu tão poucos leitores apaixonados por livros. Nunca aumentou tanto o desprezo por autores e obras, clássicos e modernos, poéticas e de narrativas.
É assustador como nossa sociedade eletrônica e tecnológica se transformou em um carrossel de modismos, obsessões imagéticas e alienações rítmicas, menosprezando o exercício mental que a leitura literária pode proporcionar. Exercício esse que, por prescindir do também viciante “apertar de botões”, tem relegado grande parte da população jovem a um mundo de letargia e indolência cultural.
O universo de livros de literatura em geral está se tornando mais isolado e distante do que as novas descobertas cósmicas realizadas por sondas espaciais. O desafio de enfrentar o mistério e a mágica, por detrás das palavras, não combina, ao que se constata, com aquele esmagador domínio das novidades tecnológicas e brinquedos virtuais. Um dia se acreditou que os livros podiam desaparecer, em função dessa realidade estarrecedora. Quase acertaram no prognóstico.
De outro lado, o mundo dos que ainda acreditam na literatura como uma possibilidade catalisadora de ideais e reflexões sócio-existenciais, aos olhos de muitos alienados pode parecer uma forma arcaica de comportamento inteligente, ou ainda uma espécie de vício ou desvio, cujos desdobramentos devem ser sutilmente combatidos. É um combate, realmente, em que os “guerreiros” da palavra literária, que lutam pela formação e pela preservação desse hábito, não vão deixar a bandeira ser derrubada.
E que os livros sobrevivam, porque, se como dizia um pensador: “Nós somos o que lemos”, é melhor muita gente começar a refletir sobre quem é e o que é...
(In: Os Viciados, de César Pavezzi.)
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