tag:blogger.com,1999:blog-62406578641015362442024-03-21T02:23:36.762-07:00Blog do EscritorBlog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.comBlogger130125tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-51936990019122103052020-10-01T13:44:00.002-07:002020-10-01T13:47:47.398-07:00"O direito à literatura"(fragmento)Apresentamos, de forma objetiva, a visão de Antônio Cândido, grande historiador, analista e professor de Literatura:<div>(...)</div><div>"Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações.</div><div>Vista desse modo a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. O sonho assegura durante o sono a presença indispensável deste universo, independentemente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional ou poética, que é a mola da literatura em todos os seus níveis e modalidades, está presente em cada um de nós, analfabeto ou erudito, como anedota, causo, história em quadrinhos, noticiário policial, canção popular, moda de viola, samba carnavalesco. Ela se manifesta desde o devaneio amoroso ou econômico no ônibus até a atenção fixada na novela de televisão ou na leitura seguida de um romance. </div><div>Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. (...)</div><div><br /></div><div>(In: <i>Vários Escritos, </i>Ed. Duas Cidades, 2004.)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1D1ywsX1jMPR-JVgtQ_aWcis6BrsAoOlDShi9D8Esz3Emf7-inbfvTI84kxjeqWPJj9P7oyXKfo9JH4fmBSk-vpCQRhnpNASgxdX0Neibr4zP0IiIxZBR_gjDH9dBwpkTtS0nU_DH9D3V/s500/Menino+lendo+ao+ocaso.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1D1ywsX1jMPR-JVgtQ_aWcis6BrsAoOlDShi9D8Esz3Emf7-inbfvTI84kxjeqWPJj9P7oyXKfo9JH4fmBSk-vpCQRhnpNASgxdX0Neibr4zP0IiIxZBR_gjDH9dBwpkTtS0nU_DH9D3V/s320/Menino+lendo+ao+ocaso.jpg" width="320" /></a></div><br /></div>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-8298174120770562322020-03-30T16:12:00.005-07:002020-08-09T15:28:10.098-07:00Reflexão profunda de um Pensador<span style="font-size: large;"><b style="font-style: italic;"><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmb9AcNTep6uOlXADd89tn-iUrK4j3hww6EM72AORqXgk1hzoN1AWNb8oRsmU9BSjtCzZYD6EFeVKStDNNIsGHqZ8CvXk1wPRS1aPpkul4Jmv4tVPubGzY9qlcigB_J3swLTheC8ZJv8Fs/s823/Atleta+lendo.jpg" imageanchor="1" style="display: block; padding: 1em 0px;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="823" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmb9AcNTep6uOlXADd89tn-iUrK4j3hww6EM72AORqXgk1hzoN1AWNb8oRsmU9BSjtCzZYD6EFeVKStDNNIsGHqZ8CvXk1wPRS1aPpkul4Jmv4tVPubGzY9qlcigB_J3swLTheC8ZJv8Fs/s640/Atleta+lendo.jpg" width="640" /></a></div>A literatura em perigo </b>(trecho), de Tzvetan Todorov:</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<b><span style="font-size: large;">"(...) A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão, quando estamos profundamente deprimidos, nos tornar mais próximos dos outros seres humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos ajudar a viver. Não que ela seja, antes de tudo, uma técnica de cuidados para com a alma; porém, revelação do mundo, ela pode também, em seu percurso, nos transformar a cada um de nós a partir de dentro. (...) </span></b>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-26793777751127129242020-03-09T15:38:00.004-07:002020-08-09T15:30:36.018-07:00O Sagrado Masculino<br />
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens amorosos e amáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito nos homens místicos que acreditam em si mesmos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que buscam temperança e paz dentro deles. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
em homens poetas, sonhadores, mágicos, escritores, alquimistas, artistas,
professores e anjos. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
em homens que gostam de dançar, cantar e fazer da vida uma celebração. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que abraçam sua criança interior ferida, ouvem-na e a
abraçam de verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que querem curar e ajudar os outros a se curar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que se recusam a ser escravos de sua própria ferida e que,
apesar da dor, eles a limpam e a curam pacientemente, com amor e coragem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
nos homens que vêm das estrelas e lembram o poder de suas asas, o poder de suas
palavras, o poder de suas mãos e o poder de seus corações.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
em homens que conhecem a intuição e a usam como bússola.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que compartilham liberdade porque são livres e não conhecem
outra maneira de viver.<o:p></o:p></span></div>
(...)<br />
<br />
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
em homens plenos que não precisam de nada do lado de fora porque já sabem que
tudo está por dentro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que fazem fogo quando estão com frio, que se refugiam na
água quando estão com sede.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens com olhos sinceros que podem se ver e é por isso que amam e
respeitam todas as criaturas que existem na Terra.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito nos homens, perfeitamente imperfeitos, porque é nessa imperfeição que
eles também encontram suas forças.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
no coração liderar homens que sabem como receber e dar amor em equilíbrio, que
escutam e que também falam, aqueles que vivem plenamente.<o:p></o:p></span></div>
(...)<br />
<br />
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens com sentimentos claros, acessíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
em homens com inteligência emocional, que se aprofundam, compartilham as partes
mais profundas de si mesmos e vivem com honra.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito em homens que andam descalços na terra e podem falar com as plantas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Acredito
nos homens mansos e selvagens ao mesmo tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm;">
<span face="" style="color: #666666; font-family: calibri, sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu
acredito no homem sagrado e em toda a divindade que eles têm estado.<o:p></o:p></span></div>
<br /><br />
(<i>filosofia de RISHIMA</i>)<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz80vQh7-T2dmcrk9BaMYwBDx9QqMMxjEw2EMGdspV0T_xECbcvDyGp7WDG7KPN41qvECPLO2xdSAPshAA7mCkmQD6lOTQf3S-Qd4krDvwmb3Dg-Wqx6YaULz7ZKZva9d6mgV3vbQINrfX/s730/A+cria%25C3%25A7%25C3%25A3o+de+Ad%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="display: block; padding: 1em 0px;"><img border="0" data-original-height="331" data-original-width="730" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz80vQh7-T2dmcrk9BaMYwBDx9QqMMxjEw2EMGdspV0T_xECbcvDyGp7WDG7KPN41qvECPLO2xdSAPshAA7mCkmQD6lOTQf3S-Qd4krDvwmb3Dg-Wqx6YaULz7ZKZva9d6mgV3vbQINrfX/s640/A+cria%25C3%25A7%25C3%25A3o+de+Ad%25C3%25A3o.jpg" width="640" /></a></div>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-54972341829316673162018-10-17T17:08:00.001-07:002020-08-20T11:29:25.365-07:00Crônicas de um lugar esquecido<div style="text-align: center;">
O colecionador de chaves</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
O personagem usava roupas pesadas, de cores escuras, recobertas por um capote surrado, bastante desbotado. Na cabeça, um chapéu de tecido negro, e no pescoço, um longo cordão de metal claro, onde se penduravam dezenas de chaves de tamanhos e formatos diferentes. Não sorria muito, mas quando o fazia, seus dentes e o cordão eram as únicas coisas que se destacavam em meio aos tecidos que o envolviam. Chegou no vilarejo numa noite de calor abafadiço, e meia lua embaçada no céu. </div>
<div style="text-align: left;">
Foi direto ao único bar local, ainda aberto já que nem era muito tarde. Sua entrada causou, é claro, um murmúrio curioso e carregado de desconfianças. Seus trajes, seu meio sorriso, o isolamento no balcão denotavam a todos sua decisão de querer estar só, isolado, longe de fofocas e especulações. O dono do bar ficou sabendo que ele iria passar apenas uma noite, e precisava de um lugar para dormir. Como há muito não ocorria, o homem disse que ele poderia usar um quartinho que tinha nos fundos, com a condição de ir embora logo pela manhã. Quando se recolheu, ainda pôde ouvir o ruído das pessoas que permaneceram comentando sobre sua aparição. </div>
<div style="text-align: left;">
O que mais intrigava os moradores do pacato povoado era a existência daquele molho de chaves, pendurado no pescoço do forasteiro. E que, a cada movimento do suposto colecionador, faziam um barulho de metal perturbador. Que chaves seriam aquelas? Que portas abriram ou abririam? Para que viajar com aqueles objetos à mostra, como querendo transmitir algum recado, alguma mensagem enigmática? Essas e outras múltiplas questões se instalaram nas mentes e bocas de todos quanto se importavam com sua presença. Em muitos anos, nenhum estrangeiro vinha até aquela terra esquecida. O único conhecido que regularmente aparecia por lá era o velho mascate. E que, nos últimos tempos, também tinha rareado suas passagens por ali. Muitos habitantes mal dormiram à noite, incomodados que estavam com aquela figura estranha de chaveiro. </div>
<div style="text-align: left;">
No outro dia, o dono do bar ficou espantado com o que percebeu. Nunca mantinha o quartinho trancado a chave, mas foi assim que a porta estava, quando tentou chamar pelo colecionador. Depois de mexer na maçaneta, ele voltou aos seus afazeres e deixou para indagar sobre aquilo mais tarde. O forasteiro surgiu no balcão do bar, sempre silencioso, e resolveu tomar alguma coisa, antes de se ir. Sem olhar muito para o peculiar personagem, lembrou que a porta do cômodo nem sequer tinha chave, e chegou à conclusão que o próprio colecionador a havia fechado, por dentro. Depois que ele pediu para permanecer mais um dia e uma noite no vilarejo, as suspeitas do proprietário aumentaram: aquele homem era um perigo, já que conseguia fechar e abrir qualquer porta com seu molho. E, mesmo concordando com a solicitação do mesmo, sentiu-se estimulado a dividir sua preocupação com outros amigos, que frequentavam o bar. </div>
<div style="text-align: left;">
Resolveram testar o caráter do rapaz, inventando problemas com fechaduras de portas e janelas de algumas casas. A todos, ele conseguia resolver, utilizando algumas das chaves que trazia, sempre penduradas junto a si. Por que nunca se separava delas, tirando o cordão de metal do pescoço? Isso também se misturava aos questionamentos dos moradores, alimentando mais suspeitas...</div>
<div style="text-align: left;">
Não sendo de muita conversação e mantendo uma postura distante, enfeitada de dúvidas, o colecionador passou a ser mais temido que respeitado. Chaves podem ajudar a abrir objetos, casas, caminhos... Mas que tipos de fechaduras aquelas chaves já não teriam aberto? Por quais casas, caminhos, lugares revelados aquele rapaz teria passado? Seria somente ele o dono daqueles objetos metálicos, tão significativos e, ao mesmo tempo, tão amedrontadores? </div>
<div style="text-align: left;">
O alcaide chamou-o para uma visita, no intento de descobrir a origem do estrangeiro e o motivo de tantas chaves. Ele concordou com o encontro, desde que não tivesse que contar sobre sua coleção. Não era de falar muito, mas apreciou a bebida que o outro lhe ofereceu, e respondeu suas perguntas com monossílabos. Esse laconismo irritou o dono da casa, e também o fato de não conseguir saber sobre o molho. O homem saiu de lá tranquilamente, num momento de distração do seu interlocutor, que havia trancado a porta da sala, deixando-o admirado com a façanha. </div>
<div style="text-align: left;">
Para muitos, o forasteiro já tinha se demorado e causado preocupações o suficiente. Um grupo de moradores foi convocado para levá-lo até a saída da cidade. Quando iniciaram a perseguição ao homem, o mesmo fugiu e adentrou uma velha torre do sino, abandonada, que existia na entrada do povoado. A porta estava trancada, e passou a ser vigiada constantemente, até que o homem tivesse sede ou fome, e saísse de lá. Quando a noite caiu, um pesado ariete foi usado para arrombar a passagem. Para espanto geral, o colecionador de chaves não foi encontrado. Havia sumido, sem que se ouvisse sequer o ruído metálico de sua misteriosa coleção.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><i>César Pavezzi</i></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-29435816890094740872018-10-06T08:07:00.001-07:002018-10-06T08:11:56.611-07:00Crônicas de um lugar esquecido<div style="text-align: center;">
O filho do rio</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Depois da inundação ocorrida no ano anterior, aquele outono aumentava o mormaço, e a sensação de ventos quentes incomodava os habitantes do vilarejo, mais parecendo persistência de verão. Algumas mulheres, que usavam as pedras do rio para lavarem suas poucas roupas, também aproveitavam a água para se refrescar naqueles dias. Não havia cantigas, ladainhas ou ruídos verbais de suas bocas. A atividade era silenciosa, dando vez apenas ao barulho mínimo provocado pela correnteza mansa, entre as pedras e nos barrancos. Era um quadro rotineiro e monótono que se repetia todas as semanas, só não ocorrendo em dias de chuva ou muito frio. </div>
<div style="text-align: left;">
O cesto veio descendo, lentamente, justo pelo lado em que as mulheres permaneciam nas suas esfregações e bateções de roupas. Distraídas, preocupadas em terminar logo o trabalho, demoraram-se a perceber que o balaio continha alguma coisa viva, que se movia e emitia um vagido, quase um choro, mas mais suave e balbuciante. Uma delas conseguiu, jogando um lençol enrolado, trazer o recipiente para perto. Quando olhou em seu interior, havia uma criança, muito pequena, corada, olhos vivazes e curiosos, movendo insistentemente mãozinhas e pezinhos bem feitos. Aquilo causou um alvoroço total no grupo, que, entre incredulidade e espanto, não sabiam exatamente o que pensar. De onde teria vindo aquele anjo, aquele inocente? Quem teria abandonado tão linda e saudável criaturinha? Era um milagre que não houvesse caído do cesto e sido devorado por algum animal do rio ou das margens... </div>
<div style="text-align: left;">
Depois de constatarem que era um menino, levaram o cesto para a cidade e, como já esperado, o acontecimento se espalhou como rastilho de pólvora, na comunidade inteira. Todos começaram a chamar o menino, em suas conversas e referências ao acaso admirável daquele dia, de "filho do rio". Mas o significado daquilo começou a ecoar nas mentes de todos os adultos do lugar como algo que traduzia certas crendices e superstições, típicas da mentalidade local: seria o menino o fruto de uma premonição positiva, de bom agouro? Ou esse aparecimento denotaria maus presságios? Começou-se um boato de que uma criaturinha tão bonita e saudável, ao menos na aparência, não poderia ser portadora de más novas ou fatos ruins. Ao contrário, somente deixava transparecer bondade e felicidade, naquele semblante angelical, do qual emanava vívida pureza. </div>
<div style="text-align: left;">
Até que, uma semana depois, tendo ficado aos cuidados da mulher que puxara o cesto para a margem, começaram a ocorrer estranhas mudanças no comportamento das pessoas que faziam parte daquela família. Numa discussão mais acirrada com o marido, por conta da falta de comida, o homem foi acometido de um mal súbito e não conseguiu sobreviver, mesmo sendo forte e jovem. Ninguém entendeu aquela morte. Detalhe inusitado: mesmo no velório do pobre homem, o bebê mantinha, o tempo todo, um sorrisinho maroto na face. Depois disso, ainda impactada com o fato, a mulher passou a guarda do "filho do rio" para outra família. E assim, em cada casa onde o menino era recebido, sempre acontecia algo negativo, enchendo os familiares de desconfianças, pois nunca, desde seu achado na beira do rio, o garoto tinha chorado. Somente se desenhava em seu rostinho aquele sorrisinho perturbador, mesmo nas ocasiões mais fúnebres. </div>
<div style="text-align: left;">
O alcaide, por fim, resolveu se responsabilizar pela criança, e o adotou. Quando tentou dar-lhe um nome, o menino, contrariando sabe-se lá qual lei da natureza, pareceu estar encarando o tutor nos olhos, com uma expressão séria, sem sorrir. O alcaide e sua mulher, absolutamente aterrados, aumentaram seu estupor ao ver que, depois desse momento, o tal "filho do rio" voltou a exprimir aquele sorrisinho provocador novamente. A esposa passou mal, teve um desmaio prolongado e, depois de muita abanação e tapinhas no rosto, voltou a si, completamente amedrontada. O marido não teve dúvidas: o rio trouxe, o rio leva. Ninguém mais voltou a falar sobre o menino, depois que o cesto foi visto levado, novamente, pela correnteza do rio.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<i>César Pavezzi</i></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-82005123693047139982018-08-04T16:01:00.002-07:002018-12-02T15:10:06.796-08:00Crônicas de um lugar esquecido<div style="text-align: center;">
A caixa dos sinais</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Foi num dia morno de outono, depois de um período grande de estiagem, que a caixa apareceu, do nada, bem no jardim central do vilarejo. O lugar modesto, numa área circular, com pouca vegetação rasteira, flores miúdas e vulgares, era cuidado pelos próprios moradores do entorno, se mantendo limpo e arejado. A caixa se destacava no meio da vegetação por ser escura e envolvida em metais foscos. Chamou a atenção de um dos andarilhos do lugar, que, em muitas noites, dormia por ali ao relento. Logo de manhã, a pequena multidão se juntou e começou a especular sobre o conteúdo da caixa. Tentaram movê-la, mas era muito pesada, como se estivesse pregada ao chão.<br />
Havia uma inscrição pequena, do lado de fora, que indicava a data e a hora, com desenhos estranhos, de quando a caixa iria se abrir. Mesmo com isso, foram chamados ferreiros, serralheiros e chaveiros, para tentar resolver a questão da abertura, mas tanto os metais como o material de que fora feita não permitiam qualquer arranhão ou acesso ao seu interior.<br />
Todos ficaram intrigados com tudo aquilo. Ninguém sabia dizer ou tinha visto como aquele objeto pesado e resistente havia ido parar no centro do vilarejo. Nenhuma notícia de quem o trouxera, carregara ou deixara ali, a vista de todos e com todo aquele mistério.<br />
Foi o assunto do dia, da semana, e a caixa não foi aberta por ninguém, muito menos movida. A ansiedade deu lugar à paciência, já que o foco agora era a data e o horário em que ela se revelaria a todos. O que haveria dentro? Algum tesouro, mapa, documentos de alguém, indícios de alguma herança ou riqueza esquecida? Ou estaria vazia e com instruções sobre o que guardar nela? Esses eram os temas que circulavam nas cabeças e bocas do lugar... No bar, nas casas, nas ruas, nos cantos e esquinas daquele vilarejo.<br />
Na semana seguinte, numa tarde de ventos quentes que sopravam, e ainda derrubavam muitas folhas e faziam poeira por ali, alguém percebeu um ruído vindo da tal caixa, e correu a avisar outras pessoas, para que viessem. Tão rápido como o ruído cessou, muitos se amontoaram em torno da caixa, preparados para, finalmente, presenciar a tampa se abrindo. Mais alguns rangidos secos, meio surdos, e a tampa se levantou vagarosamente. O alcaide fez as honras e, após olhar em seu interior, constatou que somente havia uma placa, com o mesmo material escuro e resistente da caixa, depositada no fundo desta. Pegou com cuidado o objeto e soprou a poeira que o recobria, colocando à mostra uma mensagem em letras prateadas, escrita na pequena placa.<br />
<div style="text-align: center;">
"A ÁGUA TUDO LAVA E TUDO LEVA..."</div>
<div style="text-align: left;">
Que significava exatamente aquilo? Além do mistério daquele aparecimento, do desconhecimento daqueles materiais que a compunham, por que a tal caixa trazia essa mensagem, que mais parecia um sinal de presságios? Palavras simples, porém encharcadas de profundeza e temeridade...</div>
<div style="text-align: left;">
O alcaide levou a placa para casa e, no dia seguinte, a grande caixa sumiu. De forma tão estranha e oculta como quando surgiu. A mensagem, porém, foi objeto de conversas e dúvidas entre todos do lugar. Naquela mesma tarde, depois do sumiço, o ar ficou pesado, as nuvens se adensaram e o vento se tornou mais forte. Uma grande tempestade se anunciou, deixando o dia escuro e tenebroso.<br />
Mas não caiu sobre o vilarejo, ao contrário, atingiu a cabeceira do rio que ladeava a cidade. E fez com que ele fosse crescendo, se avolumando de tal forma, que as águas começaram a subir e entrar pelas ruas do vilarejo. Iam lavando e levando, de roldão, tudo o que encontravam pelo caminho. As pessoas mal tiveram tempo de subir nas partes mais altas dos edifícios, e dos morros que se avizinhavam. A rapidez da inundação permitiu apenas que a pequena população se salvasse. A chuva durou três dias inteiros, e devastou a maior parte do pequeno lugar... Surgiram especulações sobre castigo divino, outras sobre a caixa ser uma maldição ou coisa parecida. Para coroar as dúvidas não satisfeitas, depois que o rio baixou e a água se foi, a placa também desapareceu da casa do alcaide. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
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<i>César Pavezzi</i></div>
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O bicho e o pescador</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Foi num dia em que os peixes do rio que ladeava o vilarejo começaram a rarear, talvez por conta da mudança de estação, que o único pescador do lugar estranhou a presença daquele vulto enorme, que parecia observá-lo por detrás de moitas, do outro lado, na outra margem. Em vão, tentou divisar melhor se era uma pessoa alta, corpulenta, ou algum bicho desconhecido naquela região. Quando voltou a se concentrar na pesca que tentava realizar, o vulto sumiu. Ele bem que olhou por repetidas vezes e em várias direções, intrigado com aquela presença estranha, mas nem sombra.</div>
<div style="text-align: left;">
Uma semana depois, a vegetação do outro lado traiu o movimento da criatura, e o homem pôde perceber que não se tratava de ser humano, mas sim de um animal grande. Porém, como da outra vez, ele ficou observando o homem lá de longe, perto da mata, e acabou por se afastar. Talvez por receio de que fosse rechaçado ou ferido pelo pescador. </div>
<div style="text-align: left;">
Depois de algumas aparições, por inteiro, mesmo de longe, o homem teve a certeza de que o animal era um urso, com pelo marrom escuro, estatura alta e imponente. Quando o mesmo ficou mais próximo da margem, e até pisou nas águas do rio, o velho pescador compreendeu duas coisas evidentes: o bicho tinha fome e se alimentava de peixes. Seu coração foi tocado por essas coincidências naturais que os unia. Tanto que, com um olhar mais demorado e apurado, conseguiu notar que o urso estava magro e fraco, mal conseguindo se manter ereto nas patas traseiras. </div>
<div style="text-align: left;">
A aproximação dos dois foi se fazendo de maneira lenta e curiosa, ambos se estudando e instintivamente procurando formas de não se estranharem ou se atacarem. O pescador, sabiamente, se lembrou que a mão que alimenta é a mão que ganha confiança... E começou a dividir os poucos peixes que conseguia do rio com o animal. Entre eles, então, surgiu um arremedo de amizade.</div>
<div style="text-align: left;">
Muitas semanas depois, quando a lua mudou, uma noite de susto para o homem: o urso o havia seguido, depois da pesca, e estava dormindo no quintal de sua casa. E isso se repetiu por várias noites. Como o animal fosse silencioso e se esgueirasse por entre as sombras do vilarejo, quase ninguém notou. E se notou, ele passava somente como um vulto a mais, nas noites do lugar.</div>
<div style="text-align: left;">
Até o dia em que, se sentindo ligado à companhia do pescador, o urso veio procurar comida na sua casa, assustando os vizinhos e outros moradores, que propuseram sua captura, ou como diversão ou para aproveitar sua pele, uma vez que o inverno chegaria logo naquelas paragens. Formou-se então, um verdadeiro pandemônio, por conta da perseguição que promoveram ao urso. O bicho, por força da quantidade de pessoas que o caçava, não quis confronto e preferiu fugir para as bandas do rio. </div>
<div style="text-align: left;">
O velho pescador já tinha deduzido isto, e quando o animal chegou na margem, ajudou-o a entrar no seu barco. E sem pensar no prejuízo que teria com sua atitude, empurrou o mesmo para a correnteza e deixou que o rio fizesse a sua parte. A turba barulhenta e excitada que chegava, só teve tempo de ver o vulto do bicho, que deslizava distante, salvo pelo amigo que queria preservá-lo de tudo aquilo.<br />
<br />
<i>César Pavezzi</i></div>
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A casa sem portas e sem janelas</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Dizem que janelas são os olhos de qualquer casa, por onde se pode avistar coisas exteriores... Ou, inversamente, servir de entrada para olhares indiscretos, curiosos, invasivos. Assim era aquela moradia estranha, em que o construtor, seu próprio habitante, tinha-a feito sem portas e janelas. Não achou necessidade de colocar tais barreiras ou, como muitos querem, recursos de segurança e privacidade. Num lugar onde roubos e furtos não aconteciam, e onde todos ainda tinha pudores e reservas, quanto à intimidade, era fácil viver numa casa como aquela.</div>
<div style="text-align: left;">
O maior estranhamento, porém, residia no fato de que somente a casa do homem, que havia colocado portas e janelas em todas as outras que construíra no vilarejo, não tinha esses acabamentos. Como sempre fora justo ao cobrar pelos serviços que realizava, encontrou nos poucos cidadãos do lugar um respeito e muita compreensão por essa atitude diferente...</div>
<div style="text-align: left;">
Ninguém invadia a casa, ou manifestava intenções de conhecer o seu interior, em todos aqueles tempos. Havia na mente de muitos a desconfiança de que podiam acontecer coisas misteriosas e assustadoras no seu interior. Crianças então, que tem um instinto natural de curiosidade, sequer passavam em frente à construção. Surgiam boatos de que o homem dominava seres e energias misteriosas com os quais convivia, em especial à noite, quando a escuridão só permitia ver alguns poucos acenderes e apagares de lumes, em muitos dos cômodos da casa. O que seriam aqueles brilhos e luzes foscas? Nenhum dos que já tinham visto ousavam questionar diretamente ou investigar junto ao construtor solitário.</div>
<div style="text-align: left;">
Enquanto viveu ali, sem ter suas particularidades compartilhadas, o homem continuou a levar sua rotina de ajudar as pessoas a construir suas casas e manter uma postura discreta. Se falava, era apenas para concordar sobre um combinado ou outro relativos ao serviço, e sobre algum caso breve, envolvendo outras moradias que se lembrava ter levantado. E sempre se recolhia ao anoitecer, com seus lumes e brilhos, tão discretos quanto seu jeito de viver. </div>
<div style="text-align: left;">
Quando, um dia, o homem sumiu, alguns vizinhos resolveram entrar na casa para tentar entender o acontecimento inexplicável. E se maravilharam ao constatar que o construtor fazia experiências com pirilampos, mariposas e várias espécies de insetos que emitiam brilho nas noites. Havia muitas plantas e flores onde os mesmos se abrigavam e se alimentavam, livremente. E todos começaram a compreender, emocionados, porque ele tinha a necessidade de não impedir a entrada dos bichos em sua casa, já que significavam consolo e companhia no breu das horas.<br />
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<i>César Pavezzi</i></div>
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Estação onde a esperança não chega</div>
<br />
E tinha o menino, tímido, retraído, porém com uma ansiedade desvelada, sempre presente no modo lacônico como se comunicava. Cresceu ajudado por pessoas do lugar, de favores, comiseradas que eram por sua situação de abandonado. Pai não tinha, e mãe havia sumido misteriosamente numa noite em que, numa crise de identidade, largara tudo e se mandou do lugar sem ser percebida. Nessa época, o menino tinha três anos... Havia tanto sossego e silêncio naquela casa que só foram perceber que o pequeno tinha ficado sozinho uma semana depois do fato. Como ele sobreviveu, ninguém sabe, talvez por puro milagre (se é que milagres existem nessa terra...).<br />
Depois da casa do senhorio que o descobriu, por conta de cobrar o aluguel, o garoto passou por um revezamento de lares, já que era estranho ter que se responsabilizar por um filho sem pais. E com o auxílio, umas vezes improvisado, outras vezes negado, o tempo foi passando rápido, e vamos encontrá-lo agora com dez anos de idade. Com a saúde emocional fragilizada, sua vida sofrida foi um pouquinho iluminada por algo bom, ao qual ele se agarrou com todas as forças, como um ideal.<br />
Havia uma velha senhora no vilarejo que fazia as vezes de professora. Comovida com as condições pouco ou quase nada adequadas do menino, resolveu acolhê-lo entre seus pequenos alunos, para que aprendesse minimamente a ler e a contar. Problemas existenciais a parte, ele se revelou um ótimo aprendiz, compreendendo rapidamente os conhecimentos básicos transmitidos pela mulher.<br />
Seus olhos brilharam e seu coração bateu mais forte quando, certo dia, deparou-se com um antigo e desbotado livro de histórias, que mostravam meios de transporte modernos, em que havia uma grande e bem desenhada ilustração de um trem. Um trem, a todo vapor, cortando o vale, com sua locomotiva e seus vagões imponentes, quase chegando a um vilarejo também desenhado na paisagem do livro.<br />
A partir daí começou a sua insistente e ansiosa esperança a carregá-lo, todos os dias, para a saída da cidade, pois tinha ouvido boatos de que, desde há muitos anos, muitos esperavam que aquela possibilidade de progresso, poderia por fim ao isolamento perene do vilarejo. Seu coraçãozinho de menino passou a sonhar com a estação construída e, mais intensamente, com a chegada da máquina potente e veloz, trazendo outras pessoas e levando os viajantes para outras terras. No fundo, mesmo sendo um ilusão tudo aquilo, seu compromisso com o lugarzinho onde se sentava e esperava, todos os finais de tarde, era motivado por aquela esperança, costurada nas camadas mais profundas do seu subconsciente, de que a mãe voltaria para o vilarejo. Ele antevia a mesma acenando da janela do trem, descendo para a plataforma da estação e correndo, emocionada, na direção do seu abraço. Ninguém que o conhecia tinha coragem de tirar isso do menino, e nós sabemos porquê.<br />
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<i>César Pavezzi</i>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-80978594770165973102018-02-19T15:52:00.000-08:002018-02-19T15:52:18.072-08:00Crônicas de um lugar esquecido...<div style="text-align: center;">
Uma mãe que não era</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Lá vinha ela novamente, pela rua central do vilarejo, empurrando a materialização de suas lembranças loucas e sofridas. Loucas porque faziam com que representasse um personagem surreal, exótico, forçado e desbotado. Sofridas pela assunção de sentimentos desvairados, porém convictos, que lhe acrescentavam um ar de coisa pouco humana.<br />
Trazia nas vestes e no semblante as marcas de um tempo gasto numa procura inquieta de transformar em realidade aquilo que não podia ser... Marcas cada vez mais profundas de sua miséria emocional misturada com uma aparência de animal agitado e ansioso.<br />
Percorria as ruas do vilarejo, do nascer ao poente, da mesma forma como fazia há muitos anos. Alguns revelavam já tê-la visto vagando também pelas noites frias e madrugadas silenciosas do lugar. Arrastava os pés numa sandália baixa, estropiada pelas caminhadas sucessivas e insistentes. Procurava o quê, aquela criatura? Sempre vagarosa, como uma lesma, e fechada na sua angústia. E nessa carapaça lenta e misteriosa, empurrava adiante, um carrinho de gêmeos. Sempre o mesmo carrinho duplo, ensebado e rasgado pela ação do tempo, sem nada dentro. Somente o vácuo de duas criaturas que nunca existiram... A não ser na sua imaginação neurótica e crivada de sonhos ocos.<br />
Não falava, não cantava, não parava, durantes essas andanças. Antes, murmurava um gemido que, de tão baixo, quase ninguém do lugar percebia.<br />
Visitantes ou viajantes que passavam pelo vilarejo queriam explicações, motivos, justificativas para o modo de se mover daquela infeliz. E ouviam muitas versões de histórias compridas, meio que folclóricas, sobre a mãe que não era... Uma delas dava conta de um grande amor perdido, e de promessas feitas a ela, vazias, como os dois lugares sujos que empurrava.<br />
Um dia, apiedado da mulher, um velho mascate quis colocar bonecos dentro do carrinho duplo, como um lenitivo para aquela aflitiva situação de desesperança e ilusão mórbida. A frustrada mãe jogou os dois bonecos no rio, e continuou na sua jornada interminável, se arrastando pelas ruas do lugar, num murmúrio quase imperceptível a lhe sair pelos lábios. Nada substituía seu vazio particular de genitora.<br />
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<i>César Pavezzi</i>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-89570556607228028032017-12-07T03:57:00.001-08:002020-08-09T15:39:59.067-07:00Para tornar a vida e os dias mais leves...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEeXy7R1VWOwu_eSMmavxHFP3Zo9uorsHZc_YPUQONl6X7JCO5UKUytCBDOwuWuJFlRpWJ95NXPXpWhlbBiz9iqymIDcE9CV47OFl5mXil42M0XzJzuBQV9VYLcatekVD6WuQlaUo3vyvm/s1500/Bal%25C3%25B5es+de+viagem.jpg" imageanchor="1" style="display: block; padding: 1em 0px;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEeXy7R1VWOwu_eSMmavxHFP3Zo9uorsHZc_YPUQONl6X7JCO5UKUytCBDOwuWuJFlRpWJ95NXPXpWhlbBiz9iqymIDcE9CV47OFl5mXil42M0XzJzuBQV9VYLcatekVD6WuQlaUo3vyvm/s640/Bal%25C3%25B5es+de+viagem.jpg" width="640" /></a></div>Um poema famoso, de um autor muito conhecido (versão em espanhol):<br />
<br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">"Carpe
Diem" (excertos)</span><br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span>
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Aprovecha el día.<br />
No dejes que termine sin haber crecido un poco, sin haber sido feliz,<br />
sin haber alimentado tus sueños.</span><br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span>
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">No te dejes vencer
por el desaliento. No permitas que nadie te quite el<br />
derecho de expresarte, que es casi un deber.<br />
No abandones tus ansias de hacer de tu vida algo extraordinario…<br />
No dejes de creer que las palabras y la poesía, sí pueden cambiar al<br />
mundo; porque, pase lo que pase, nuestra esencia está intacta.<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span>
<!--[endif]--></span><br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">(...)</span></span><br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">No dejes nunca de soñar, porque sólo en sueños puede
ser libre el<br />
hombre.<br />
<br />
No caigas en el peor de los errores: el silencio. La mayoría vive en un<br />
silencio espantoso. No te resignes, huye…</span></span><br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></span>
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">(...)</span></span><br />
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">No traiciones tus
creencias, todos merecemos ser aceptados.<br />
No podemos remar en contra de nosotros mismos, eso transforma la<br />
vida en un infierno.<br />
<br />
Disfruta del pánico que provoca tener la vida por delante.<br />
Vívela intensamente, sin mediocridades.<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span>
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]--></span></span><br />
<div class="MsoNormal">
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Piensa que en ti está
el futuro, y asume la tarea con orgullo y sin<br />
miedo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">(...)</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt;">No permitas que la
vida te pase a ti, sin que tú la vivas…</span></div>
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><div>
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Walt Whitman</b></span><br />
<!--[endif]--></span><div class="MsoNormal">
<span face="" style="font-family: "bookman old style", serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-83242570367598171392017-08-31T15:06:00.002-07:002017-08-31T15:06:37.612-07:00Oração de São Jorge (pelo emprego)"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge.<div>
Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem,</div>
<div>
Tendo mãos, não me peguem, tendo olhos, não me vejam,</div>
<div>
Nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.</div>
<div>
Armas de fogo, o meu corpo, não alcançarão,</div>
<div>
Facas e lanças se quebrem sem ao meu corpo chegar,</div>
<div>
Cordas e correntes se quebrem sem o meu corpo amarrar.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
São Jorge, cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor,</div>
<div>
Abre os meus caminhos; ajuda-me a conseguir um bom emprego;</div>
<div>
Fazei com que eu seja bem visto por todos, superiores, colegas e subordinados.</div>
<div>
Que a paz, o amor e a harmonia estejam presentes no meu coração, no meu lar</div>
<div>
E no meu serviço; vela por mim e pelos meus, protegendo-nos sempre,</div>
<div>
Abrindo e iluminando os nossos caminhos, ajudando-nos também </div>
<div>
A transmitir paz, amor e harmonia a todos que nos rodeiam."</div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-10599122946789969372017-06-25T08:47:00.001-07:002017-06-25T08:47:22.647-07:00Atitudes que ajudam a simplificar a vida...Descomplique várias situações e contextos do seu dia-a-dia com atitudes preciosas, que vão auxiliar a se manter saudável e mais tranquilo para enfrentar os desafios de uma sociedade turbulenta demais:<br />
<br />
1. Levante-se 20 minutos mais cedo;<br />
2. Chegue 10 minutos adiantado para encontros ou reuniões;<br />
3. Faça uma coisa de cada vez;<br />
4. Faça algumas perguntas a si mesmo;<br />
5. Reavalie a importância da situação em curso;<br />
6. Tome nota da maioria das coisas;<br />
7. Lembre-se de que existem coisas mais importantes do que as pessoais;<br />
8. Desfrute das coisas simples da vida;<br />
9. Tome sempre água;<br />
10. Gentileza gera gentileza;<br />
11. Simplifique o ambiente de sua casa;<br />
12. Pare um pouco para admirar as flores;<br />
13. Passe um tempo com pessoas simples;<br />
14. Peça conselhos a quem já passou por certa situação;<br />
15. Esqueça a perfeição;<br />
16. Pare para tomar ar fresco várias vezes ao dia;<br />
17. Planeje, minimamente, a sua semana;<br />
18. Faça mais perguntas às pessoa ao seu redor;<br />
19. Tire um tempinho para a preguiça;<br />
20. Lembre-se de que a vida é curta e amadureça!<br />
<br />
(compilado de <i>tudoporemail.com.br)</i>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-71150800877659635282017-05-07T13:47:00.000-07:002017-05-07T13:50:43.256-07:00Uma última entrevista inusitada...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa sétima convidada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senhora
Solidão<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi: É com respeito
e admiração que começo essa nossa entrevista, minha cara Senhora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Muito grata, meu
caro repórter. Vou procurar esclarecer as coisas de forma simples e direta,
pode acreditar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: As pessoas
confundem muito o fato de alguém querer ficar sozinho com ser solitário. O que
pensa sobre isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Pois é, há que se
fazer uma distinção analítica. Quando alguém está sozinho, não solitário, em
muitos aspectos, é por pura opção ou vontade. Ser solitário envolve avaliar
isolamento, tristeza, depressão, timidez, introvertimento, entre outros fatores
sócio-emocionais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Bem, esse e
outro tipo de confusão que acontece, quando o assunto é a senhora, pode
explicar certa negatividade que carrega?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Pode, em muitas
ocasiões. O ser humano é gregário, interativo, sociável, não sendo admitido que
alguém fique na minha companhia por muito tempo ou por opção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Há diferentes
tipos de solidão, então? Como quais?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Creio que é
necessário separar as relações humanas, seus papéis, as condições sociais, para
poder me entender melhor. Há solidão até em muitas relações que se dizem
amorosas... E há solidão entre membros de uma mesma família, e até de uma mesma
comunidade específica. Uma pessoa pode estar cercada de uma multidão, e se sentir
extremamente sozinha. Depende das circunstâncias e motivações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Muitos seres
humanos dizem ser a solidão amorosa o pior tipo de sentimento que a envolve.
Também acredita nisso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Pode ser... Mas
creio que, se você amou alguém e tem lembranças positivas e emocionantes, eu
acabo sendo amenizada, já que a memória pode deixar as pessoas menos
solitárias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: E a solidão da
falta de amigos? É dolorosa também, não acha?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Sem dúvida. Creio
que o segredo para me evitar, nessas relações, é não desejar que outro seja
como você, e respeitar as diferenças, incluindo aqui o modo de sentir as
coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Mas estar
cercado de um monte de pessoas do lado de fora não significa que, internamente,
não possamos estar num momento de solidão profunda, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Em muitas
circunstâncias, sim. Mas prefiro compreender que, quando eu toco as pessoas, é
para significar um tipo de pausa para reflexão: sobre a vida, suas relações com
as pessoas, com o mundo que te cerca, sobre o que te faz feliz ou
descontente...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Há certas
pessoas que também acreditam que o ser humano nunca está totalmente sozinho,
sendo sempre velado ou protegido por forças e entidades espirituais. Isso seria
possível?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidão: Depende. Uma
crença é sempre uma esperança a mais para você se sentir amparado, acompanhado.
Cada ser humano é fonte de energias e efeitos emocionais constantes que podem
tranquilizá-lo, animá-lo ou prejudicá-lo. Não estar sozinho ou não ser
solitário é uma questão de escolha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Profundamente
agradecido por suas palavras sinceras e cheias de reflexão. Meus respeitos.<o:p></o:p></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-85372435643682744232017-03-20T05:34:00.003-07:002017-03-20T05:37:59.185-07:00Mais entrevistas inusitadas...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa sexta convidada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senhora
Saudade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi: É com muita
honra e satisfação que passo a entrevistar um sentimento tão genuíno como a
senhora...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Eu também
agradeço e me sinto honrada por estar aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Qual seria a
melhor definição da senhora nos corações dos seres humanos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Um misto de sentir
falta, melancolia por não ter mais e certa tristeza por conta da distância ou
do distanciamento entre pessoas. Às vezes, é complicado me traduzir... Depende
das situações envolvidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: É verdade que,
curiosamente, muitas pessoas sentem saudade de algo que ainda não viveram ou
que gostariam de ter vivido?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Pra você ver como
sou particularmente intrigante nos corações e mentes dos seres humanos: isso
pode acontecer, misturado com uma melancolia interior muito intensa. Acho que
são certos desejos ou planos reprimidos que ficam no subconsciente...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Para muitos, a
senhora é um sentimento bonito, apesar de envolver tristeza e decepção. O que
opina sobre isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Prefiro pensar
que sou um sentimento positivo, pois meu efeito é de justamente preservar a
lembrança e ativar muitas memórias. Acho até que é mais correto pensar que só
se tem saudade daquilo que foi bom e mais positivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Muitos
historiadores e antropólogos avaliam que sua origem vem do chamado banzo
africano, já que os negros escravizados sentiam falta de suas terras e parentes,
dos quais foram separados e levados para outros lugares. Isso a deixa
orgulhosa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Muitíssimo. Saber
que sou um sentimento surgido assim, por conta de opressão e violência contra
os africanos, me faz pensar no quanto tenho de honra e dignidade, já que lhes
despertava memórias e lembranças fortes de suas etnias e famílias, e que, com
certeza os ajudou a lutar e resistir, até com esperança de voltar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Resposta muito
lúcida. E, a partir disso, como se sente por ser uma palavra existente somente
na língua portuguesa, sem tradução literal em outros idiomas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Feliz, sem querer
ser exclusivista. Até porque trata-se apenas de uma questão de léxico, já que
existem outros termos equivalentes que podem me traduzir em outras nações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Bom, pensando de
forma mais racional, qual seria o pior sentimento de saudade que um ser humano
poderia vivenciar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Eu creio que
muitos confundem, por excesso de apego, saudade com luto... Mesmo quando se
tratar da perda física de entes queridos, há que se relativizar o que sentimos,
pois é normal ter saudade, mas não ficar cultivando uma tristeza depressiva
perene. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Para finalizar,
que mensagem a senhora poderia deixar aos nossos leitores, com certeza, sempre
saudosos de alguém ou de alguma situação de vida?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saudade: Que me cultivem
de maneira leve e positiva, não esquecendo de que sou motor para memórias e
lembranças positivas, e que ajudo a preservar sua história de vida e seus bons
sentimentos. Abraço de Saudade a todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-15570296480248523292017-01-25T04:55:00.001-08:002017-01-25T04:55:18.458-08:00Mais uma entrevista inusitada...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa quinta convidada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senhora
Amizade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi: É um grande
prazer poder colher impressões e opiniões da Senhora. Nossa conversa será, com
certeza, muito amigável... rs<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Não tenha dúvida,
meu caro. Estou sempre pronta a influenciar novas relações e interações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Ótimo, então já
inicio questionando algo que muitas pessoas já discutiram e versificaram: que a
senhora é superior ao Amor. O que pensa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Sou suspeita, mas
tenho que concordar. Desde que consideremos que o verdadeiro sentimento de
amizade compreende mais, tolera mais, aceita mais e é menos possessivo que o
nosso amigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Quer dizer então
que uma relação amiga relativiza certas questões de vínculo e interação entre
duas pessoas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Com toda a
certeza. Amigos são menos controladores, menos sufocantes do que amantes... Claro
está que, mesmo em se tratando de amizade, o tempo e a cumplicidade também vão
ditar posturas de respeito e entendimento generosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: E o que observa
das ditas amizades “coloridas”, em que se misturam afeto e intimidade sexual?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Meu caro, creio
que não podem ser chamadas de amizades. Se o que se constrói é um sentimento
genuíno, franco, respeitoso, o mesmo deve ser reservado para questões de
interior, fraternas, onde não deveriam se misturar certos desejos físicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Por outro lado,
é correto admitir que uma relação amorosa, íntima e companheira, deveria sempre
partir de uma amizade verdadeira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Seria o ideal.
Amor à primeira vista é algo questionável, já que para se desenvolver uma
relação mais profunda, é preciso conhecer os hábitos, a história e os
sentimentos íntimos do outro. Para isso é que se pode lançar mão de um tempo de
contato, aproximação e descoberta de identificações, através de mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Ainda existem
posturas machistas que não admitem que, por exemplo, um homem tenha amizade com
uma mulher, gerando suspeitas de que existe algo mais... Como se sente com
relação a isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Muito triste, até
porque para a amizade não deveria haver esse tipo de discriminação. Da mesma
forma que falar em estabelecer “amizade” com alguém, arquitetando segundas e
terceiras intenções, também me constrange. Este sentimento tem que ser
espontâneo, sincero, fluido e respeitoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Por falar em
espontaneidade, existe muita gente que pensa ter uma grande quantidade de amigos,
quando na verdade são poucos os que realmente desenvolvem essa postura sincera
e afetiva. Aliás, não acha que é possível pensar muito mais em individualismos
do que em relações de amizade socialmente corretas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Do jeito que a
sociedade está de portando no mundo de hoje, é evidente que existem muitas
relações de conveniência, equivocadas e interesseiras, seja por vaidade, seja
por questões materiais. É triste perceber que tudo não passa de um jogo de
falsidades e superficialidades... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Nesse sentido, o
melhor é ter poucos amigos, mas autênticos e dedicados, do que arremedos de
relações pouco confiáveis?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Mais uma vez,
tenho que concordar com você. Amigos devem ser poucos e preciosos. E ninguém
deve se enganar, porque vale mais um amigo sincero e prestativo do que a ilusão
de uma relação que não te motiva nem te reconhece como irmão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Muitíssimo
obrigado pelas sérias e importantes orientações, muito grato.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Amizade: Não tem por quê.
Desejo a todos que se dediquem mais às suas amizades e reforcem os laços que os
unem às pessoas afins.<o:p></o:p></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-73013522249766304072016-12-18T07:07:00.001-08:002016-12-18T07:07:33.830-08:00Uma grande canção (tradução livre)<div class="MsoNormal">
<b>Graças a minha Vida <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
(Gracias a la vida)<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Violeta Parra<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
(...)</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Graças a
minha Vida que já me deu tanto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Me deu o
sonoro e o abecedário<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Com ele as
palavras que penso e declaro<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Mãe, amigo,
irmão e luz clareando<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
A rota da
alma de quem estou amando<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Graças a
minha Vida que me deu tanto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Me deu a
marcha de meus pés cansados<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Com eles
andava cidades e charcos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Praias e
desertos, montanhas e vales<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E a casa
tua, tua rua e teu pátio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Graças a
minha vida que já me deu tanto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Me deu o
coração que agita seu marco<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Quando vejo
o fruto do cérebro humano<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Quando vejo
o bom tão longe do mau<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Quando vejo
o fundo de teu olhos claros<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Graças a
minha vida que já me deu tanto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Já me deu o
riso e já me deu o pranto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Assim eu
distingo sorte de quebranto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os dois
materiais que formam meu canto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E o canto de
vocês que é o mesmo canto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E o canto de
vocês que é meu próprio canto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Graças e
minha Vida, graças a minha Vida...<o:p></o:p></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-83439552438333937742016-10-22T07:03:00.001-07:002016-10-22T07:03:14.454-07:00Mais uma entrevista inusitada...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa quarta convidada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senhora Bondade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi: É uma
grande satisfação poder falar com a Senhora, tão nobre e tão dignificadora das
ações humanas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Eu me sinto
honrada, meu caro repórter... E naturalmente irei corresponder às suas expectativas
da melhor maneira possível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: É possível pensar,
como no passado alguns filósofos já propuseram, que o ser humano, na sua
natureza intrínseca, é bom?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Completamente.
Não posso admitir que ele seja concebido com sementes e germes de maldade, na
sua consciência e na sua alma. São as experiências e circunstâncias emocionais
e sociais que o tornam diferente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Assim
considerando, o que o transformaria seriam, então, fatores e acontecimentos
externos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Eu acredito que
sim. As provas, os desafios, os obstáculos e influências encontrados ao longo
de sua jornada nesse mundo, fazem com que o mesmo assuma comportamentos e
atitudes que o afastam de sua natureza original.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Ou seja, o
entorno social e as instituições que o obrigam a assumir papéis auxiliam na
perda desse componente tão importante para seu caráter e equilíbrio de sua
personalidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Este é um
raciocínio muito acertado. Pressionado por tantas exigências do meio social, e
por dificuldades internas de equilibrar posturas e decisões a serem tomadas, o
ser humano comete atos às vezes abomináveis, impensáveis num indivíduo de sua
espécie.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Como poderia
ocorrer de forma mais coerente a formação de valores positivos, como a senhora,
e aquele equilíbrio entre personalidade e papéis sociais inerentes ao estar
nesse mundo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Na minha terna e
carinhosa visão, dois fatores essenciais se perdem durante a vida de um
indivíduo: a maneira como ele deveria vivenciar o respeito dentro da
coletividade e seu afastamento de uma crença espiritual. Uma consciência
cultivada desses dois aspectos levaria a um entendimento melhor do que é ser bom,
com empatia e responsabilidade moral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Poderia nos
explicitar algum exemplo referente ao respeito, enquanto prática coletiva?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Claro. Respeitar
suas limitações, suas dificuldades, sua condição de ser em constante mudança e
crescimento é um sentimento que pode e deve ser transferido, em termos de
reciprocidade, a todos os outros que são seres humanos. Ao invés disso, o que
se vê em muitos povos e comunidades é somente egoísmo, vaidade, vícios,
imediatismos pessoais, dissimulações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Em função disso,
não é difícil entender aquele afastamento de uma crença espiritual, já que não
existem compromissos morais?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Perfeitamente. Se
o ser humano se volta absolutamente para ele e para suas necessidades físicas e
interesses materialistas, a possibilidade de acreditar em questões espirituais
e seus desdobramentos acaba se tornando muito remota. E como sentir bondade se
você não se reconhece no outro, enquanto semelhante?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Bem, para
finalizar, que conselho a senhora daria para aquelas pessoas que, apesar de
todas as questões de nosso mundo, ainda tentam manter um mínimo da senhora em
seus corações?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bondade: Para que se
mantenham assim, pois além de mim, não pode faltar aos seres humanos outro
sentimento primordial que pode preservar sua alma: o amor.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Extremamente
agradecido e emocionado com suas palavras profundas e luminosas.<o:p></o:p></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-6594250532295016142016-06-30T16:11:00.001-07:002016-06-30T16:11:33.363-07:00Uma letra e uma canção inspiradoras...Brincar de Viver<br />
(Guilherme Arantes)<br />
<br />
Quem me chamou<br />
Quem vai querer voltar pro ninho<br />
Redescobrir seu lugar<br />
Pra retornar e enfrentar o dia-a-dia<br />
Reaprender a sonhar<br />
<br />
Você verá que é mesmo assim<br />
Que a história não tem fim<br />
E continua sempre que você<br />
Responde "sim" à sua imaginação<br />
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz "não"<br />
<br />
Você verá que a emoção começa agora<br />
Agora é brincar de viver<br />
Não esquecer, ninguém é o centro do universo<br />
Assim é o maior o prazer<br />
<br />
(...)<br />
E eu desejo amar a todos que eu cruzar<br />
Pelo meu caminho...<br />
Como sou feliz, eu quero ver feliz<br />
Quem andar comigo, vem..<br />
<br />
(Interpretada lindamente por Maria Bethânia)<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-59300196728957192662016-05-15T16:21:00.000-07:002016-05-15T16:26:43.914-07:00Mais entrevistas inusitadas...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa terceira convidada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senhora Sexualidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi: É com
satisfação que entrevisto uma grande força que move as pessoas desse mundo... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: A mim também
pode ser prazeroso expor meus conceitos e influências que dominam muitas
culturas humanas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Então seria
conveniente expor por que a Senhora pode ser, ao mesmo tempo, uma fonte de
energia criadora positiva e, para muitos, justamente aquilo que degenera, que
vicia, que pode até destruir?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: Depende do
ponto de vista de cada um, em especial se formos levar em conta questões
moralistas ou culturais de cada grupo social. O que para alguns é necessário
apenas para procriação, para outros pode representar apenas uma fonte de prazer
a mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Mas ficar
exercitando-a continuamente apenas pela busca do prazer físico, de sensações,
não pode representar algo vicioso e distanciado de envolvimento emocional, nas
relações humanas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: Pode ser... O
ser humano é vaidoso, em muitos casos prepotente, e para não parecer fraco, se
autoafirma justamente através de mim... Se não há equilíbrio entre aquela busca
e o desenvolvimento de relações sentimentais, é por conta desse narcisismo
recorrente nos meios sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Já que falou em
questões sentimentais, o que pensa dessa atitude das pessoas de primeiro levar
em conta a performance física, sem que o lado emocional seja valorizado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: Tem coisas
que acontecem de forma até inconsciente, já que a energia que desperto tem
raízes primitivas e animalescas. Nesse sentido, humanos e animais são muito
parecidos: querem se exibir, se expor, tentar conquistar pela aparência e pela
sensualidade, em rituais e manifestações às vezes exagerados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Por falar em
comportamento inconsciente, a senhora acredita nas teorias psicanalíticas que
atribuem ao inconsciente certos desejos sexuais, considerados tabu em muitas
sociedades?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: Se
imaginarmos que essa força que me constitui pode sair de controle quando não
queremos racionalizar ou reprimir certos conceitos e ideias considerados
moralmente doentes, em muitos aspectos as teorias estão corretas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Não lhe parece
assustador considerar que muitos humanos, por se deixarem levar emocional ou
psicologicamente pela sua influência, tenham seus sentimentos rebaixados a
meros instintos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: Eis o campo
farto para eu me desenvolver de forma equivocada e pouco saudável: uma mídia
que se aproveita desses sentimentos das pessoas, meios de comunicação que
sugerem, divulgam e incentivam meu exercício desenfreado, e seres humanos
totalmente suscetíveis a essas manifestações de sensualidade aberta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: E quando tudo
isso se transforma numa força destruidora de relações amorosas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: Há que se
questionar se são relações realmente amorosas... Porque não podemos confundir
uma paixão física, baseada em sensações e prazeres corporais, com sentimento
genuíno de amor. Os dois podem até acontecer juntos, o que seria ideal. Mas </span><span style="font-family: 'book antiqua', serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">um relacionamento
construído apenas sobre sexo está fadado ao fracasso, com certeza.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Para concluir
nossas reflexões, o que pensa de si mesma quando o ser humano chega à
maturidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sexualidade: É o melhor
momento para saber, com experiência, tirar o melhor proveito do meu exercício.
Até porque, muito da sexualidade está na mente. Ou seja, há muito mais para
explorar, a partir de mim, do que o sexo genital. O tempo pode mostrar...<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "book antiqua" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Muito grato
pelas palavras lúcidas e interessantes.<o:p></o:p></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-39759985380166373252016-04-03T15:48:00.002-07:002016-04-03T15:48:56.703-07:00Versão ao português de "Amores Extraños" (trechos):<br />
<br />
(...)<br />
É a espera de um telefonema<br />
A aventura do não lógico<br />
A loucura do que é mágico<br />
Um veneno sem antídoto<br />
A amargura do efêmero<br />
Porque ele foi embora<br />
<br />
(...)<br />
São amores que somente em nossa idade<br />
Se confundem em nossos espíritos<br />
Te interrogam e nunca te deixam ver<br />
Se serão amor ou só prazer<br />
<br />
(...)<br />
Amores, tão estranhos que vêm e se vão<br />
Que em teu coração sobreviverão<br />
São histórias que sempre contarás<br />
Sem saber se são de verdade<br />
<br />
São amores frágeis<br />
Prisioneiros, cúmplices<br />
São amores problemáticos<br />
Como tu, como eu<br />
Tão estranhos que vivem negando-se<br />
Escondendo-se de nós dois...<br />
<br />
<i>César Pavezzi</i>Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-79461343229139301282016-02-05T13:22:00.002-08:002016-02-05T13:22:49.370-08:00Um poema de Flora Figueiredo, poetisa brasileira contemporânea:<br />
<br />
Expectativas<br />
<br />
O vento anda ficando mentiroso:<br />
prometeu trazer você - não trouxe,<br />
de dizer o porquê - não disse;<br />
passou com pressa rumo ao horizonte.<br />
Já não tem importância<br />
que cometa outra vez<br />
um ato de inconstância.<br />
Aprendi a esperar.<br />
Se ventos são capazes de levar embora,<br />
a qualquer hora<br />
também serão capazes de fazer voltar.<br />
<br />
(Versão ao espanhol)<br />
<br />
El viento se anda poniendo mentiroso:<br />
prometió traer a usted - no trajo,<br />
de decir el porqué - no dijo;<br />
pasó con prisa rumbo al horizonte.<br />
Ya no tiene inportancia<br />
que cometa otra vez<br />
un acto de inconstancia.<br />
Aprendi a esperar.<br />
Si vientos son capaces de llevar a uno,<br />
a cualquier hora<br />
también serán capaces de hacer volver.<br />
<br />
César Pavezzi<br />
<br />Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-84624626375669155022015-11-23T13:56:00.000-08:002015-11-23T13:56:09.279-08:00Novas entrevistas inusitadas<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi encara uma
de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete Senhoras dominadoras
do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto audacioso porque envolve
questionar justamente quem nos dá respostas para todas as angústias e
inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das respostas obtidas pode
nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos fazendo com nossa própria
realidade e com nosso destino. Com vocês, leitores, nossa segunda convidada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senhora Solidariedade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">César Pavezzi: É com
grande contentamento que tenho oportunidade de fazer esta entrevista com Vossa
Senhoria... E já gostaria de saber como a senhora quer ser entendida, a partir
do seu nome?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade: Meu nome se
relaciona com reciprocidade, já que devo funcionar em conjunto com ela. Ou
seja, que todos entendessem que ninguém deveria ser ou estar sozinho neste
mundo, em nenhum tipo de circunstância...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: É possível então
pensar que muitos seres humanos não compreendem a recíproca e, com isso, se
tornam menos solidários?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade: Sob
determinados pontos de vista, sim. Se o exercício solidário depende de um
outro, com necessidades e desejos semelhantes e universais, é necessário
relacionar minha postura com a desse outro, para o início de um sentimento de
empatia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Pode-se dizer
então que falta muito desse exercício no mundo de hoje?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade:
Infelizmente, tenho que concordar com seu questionamento. Não só falta, como
também inexiste a consciência de que, as diferenças sociais, culturais e
linguísticas não deveriam significar barreiras para esse exercício, já que
solidariedade pressupõe reconhecer que todos somos humanos, vivendo no mesmo
planeta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Mas essa falta
de consciência não está ligada aos processos históricos que sempre mostraram a
humanidade mais preocupada com questões materiais, menosprezando fatores
emocionais e sociais, importantes quando se pensa em valores morais?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade:
Absolutamente correto. Líderes de várias épocas, em sua maioria, sempre
buscaram satisfazer questões egoístas e territoriais, esquecendo-se
completamente da necessidade do diálogo, das negociações coletivas, de acordos
pacíficos entre povos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: A senhora
poderia, a título de exemplificar, discorrer sobre um fato simples, envolvendo
solidariedade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade: Com
satisfação. Imagine a relação entre uma criança e uma plantinha, em que foi
trabalhada a noção de que ambos são seres vivos e dependem da água para
sobreviver, como necessidade básica. Com certeza, essa criança vai se
solidarizar com a vegetação, em sentido mais amplo, sabendo que a chuva e o uso
consciente desse líquido são essenciais para a vida de ambos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Bela e
pertinente elucidação. Nessa mesma linha, a senhora imagina, então, que
solidariedade é um sentimento que pode ser ensinado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade: Pode e deve,
desde a mais tenra idade. Mas não creio que isso precise ficar a cargo somente
de instituições escolares, não. Assim como outros sentimentos e valores, é um
sentimento que a família precisa desenvolver, tanto quanto o respeito pelas
diferenças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: E para
concluirmos esse momento de sábias reflexões, haveria uma fórmula para que a
senhora se sobressaísse nas relações humanas, nos mais diversos níveis?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Solidariedade: Creio que
não há conselhos ou prescrições para um sentimento espontâneo e sincero. O que
me parece positivo observar é que, desde pequenas atitudes até grandes projetos
que envolvem a mim, é o efeito multiplicador que isso pode deflagrar, formando
grandes núcleos solidários, sem as barreiras que já citei. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Book Antiqua","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Repórter: Foi muito
inspirador falar com a senhora. Muito grato. <o:p></o:p></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-47869990639914799692015-10-08T16:08:00.001-07:002015-10-08T16:08:12.723-07:00Mais entrevistas inusitadas... <span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César
Pavezzi encara uma de repórter outra vez e resolve conversar com outras sete
Senhoras dominadoras do mundo e da vida, em muitos sentidos... Um projeto
audacioso porque envolve questionar justamente quem nos dá respostas para todas
as angústias e inquietações da Humanidade. Com certeza, a sabedoria das
respostas obtidas pode nos levar a inúmeras reflexões sobre o que estamos
fazendo com nossa própria realidade e com nosso destino.</span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Com vocês, leitores, nossa
primeira convidada:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Senhora Justiça<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Repórter: É uma grande
honra entrevistar essa grande dama da sociedade humana...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Agradeço e acho
justo que possa expor certos erros e equívocos que cometem os homens quando
pretendem me aplicar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: Então podemos
começar com uma grande questão: qual a maior injustiça cometida pela espécie
humana durante sua história?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: O fato de não
considerar que a verdadeira justiça está costurada com princípios morais, e
bastante racionais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: Quer dizer isso que
o que se pratica carece de fundamento racional, e a balança geralmente pende
para o lado emocional dos julgamentos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Na maior parte
das vezes, sim. Falar em equilíbrio, em algo justo e ponderado, requer sempre
levar em conta fundamentos racionais e, consequentemente, morais, quando se
julga uma causa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: E o que opina sobre
ser representada pelo símbolo de uma dama vendada, segurando a balança, já que
falamos em equilíbrio?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Muitos
interpretam mal o fato de me considerarem “cega”. Todos deveriam ser iguais
quando se trata de ter consciência dos seus atos, e não fecharem os olhos para
certas questões num julgamento equilibrado e moralmente correto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: Por falta então de
um julgamento mais racional e sustentado em questões morais, a senhora acha que
muitos foram condenados injustamente?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Isso é evidente
ao longo de toda a história da humanidade. Nunca existiram tantos mártires que,
só foram compreendidos, depois de erroneamente julgados e mortos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: Então podemos
pensar que os muitos defensores de causas nobres, bem como líderes de
movimentos sociais, tornaram-se heróis somente por conta de que se cometeu
injustiça com suas mortes?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Na maior parte
dos casos, sim, é uma triste constatação. Ou seja, somente foram reconhecidos
como homens justos por conta da injustiça que fizeram com os mesmos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: Nesse sentido, de
que valem então as leis, os estatutos, os regulamentos e as regras de conduta,
quando prevalece uma justiça enganosa exercida por questões de poder e
interesses materialistas?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Quase nada, ou
uma mera representação de papeis. Enquanto o ser humano não entender que ser
justo é repensar seus valores morais, e exercê-los na prática, reconhecendo e
respeitando os valores do outro, tudo isso não passa de mero discurso vazio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">César: E já que a
humanidade a trata dessa forma enganosa e triste, como a senhora se sente no
mundo de hoje?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Justiça: Como sempre me
senti em muitos momentos e espaços desse mundo: maltrapilha, descalça, cansada,
tristemente exercida por muitos aproveitadores, interesseiros e egoístas, cujos
valores morais são hipócritas, demagógicos e extensamente duvidosos. Mas ainda
confio que os poucos justos podem fazer a diferença na vida.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Repórter: Não podia
esperar conclusão mais lúcida e justa de sua parte. Muito grato pelas palavras
sábias e oportunas. </span><span style="font-family: Book Antiqua, serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
Blog do Escritorhttp://www.blogger.com/profile/04317601893990355013noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6240657864101536244.post-44983440117498989442015-06-29T16:49:00.000-07:002015-06-29T16:49:38.805-07:00Um novo poema para quebrar o silêncio dos dias...<div style="text-align: left;">
<b>Fala comigo</b></div>
<div style="text-align: left;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo,</div>
<div style="text-align: left;">
Mesmo eu estando em silêncio</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Ainda que eu não responda</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Pra que eu possa te ouvir, calado</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Porque você não sabe o que grita dentro de mim</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Porque quando você não diz nada</div>
<div style="text-align: left;">
Eu me sinto mais sozinho</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Porque meus olhos e meu coração respondem</div>
<div style="text-align: left;">
Mesmo que você não perceba</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Porque eu sei o que não preciso dizer</div>
<div style="text-align: left;">
Pra você entender aquilo que já está dito</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Para expressar coisas em palavras</div>
<div style="text-align: left;">
Coisas que você encontra num gesto meu</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo </div>
<div style="text-align: left;">
Porque quando você não emite sons</div>
<div style="text-align: left;">
Minha alma fica apertada de silêncio</div>
<div style="text-align: left;">
Fala comigo</div>
<div style="text-align: left;">
Porque tua voz me acalma dentro do caos</div>
<div style="text-align: left;">
E nosso silêncio é nossa melhor linguagem.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<i>César Pavezzi</i></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
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